Uma Nova Esperança
Desnecessário, porém agradável
Como fã de Star Wars, principalmente da trilogia original,
me interessei por “Star Wars: A Trilogia” (livro) desde o seu lançamento. E ao
chegar ao fim do primeiro volume (“Uma Nova Esperança”, de George Lucas – o
criador da história e diretor de 4 dos 6 filmes) fico com a impressão de que a
decisão de levar a obra cinematográfica
para a literatura foi unicamente comercial, desperdiçando assim a chance de
expandir seu fascinante universo, ainda que consiga agradar seu público alvo:
os fãs.
A sensação que tive ao ler o livro foi que estava lendo uma
versão mais detalhada do roteiro do filme. Sem trazer quase nada de novo,
George Lucas se limita a reproduzir todas as cenas, que já estão marcadas na
memória dos fãs, exatamente como elas foram feitas originalmente no cinema, e
durante suas descrições perde a oportunidade de trazer aquilo que sempre
diferenciam as obras literárias das cinematográficas: detalhes e curiosidades
sobre aquele universo que, como os próprios filmes mostram, é incrível. A única
exceção é quando fala sobre os povos que habitavam o local onde no momento se
encontravam as tropas rebeldes, e quando explica porque há enormes abismos em
instalações espaciais.
George Lucas |
Mesmo seguindo à risca todos os passos do filme, Lucas ainda
demonstra um medo quase infantil de ser incompreendido, algo que fica claro nos
seguintes trechos: Pag. 134: “Depois do que lhes pareceu horas, mas na verdade
foram apenas minutos, a porta se abriu (...)” (Qual é a necessidade de se
informar que na verdade foram apenas alguns minutos? O contexto e o termo
“pareceu” já não deixam isso claro? Leia de novo ignorando esse pedaço e veja
se não faz sentido.) Pag. 136: “A cela 2.187, aparentemente, não existia. Só
que ela existia sim e ele a encontrou quando(...)” (Para quê afirmar “ela existia
sim”? Ao dizer que ele a encontrou isso já fica claro. Leia o trecho dessa
forma: “A cela 2.187, aparentemente não existia, porém ele a encontrou
quando...”. Não faz mais sentido?). Detalhes assim acabam demonstrando a
inexperiência do autor no que se refere a livros, e acaba deixando a linguagem
mais infantil e tola.
Outro ponto que demonstra sua inexperiência e atrapalha a
leitura é sua mania de variar o ponto de vista no meio de um acontecimento.
Isso até funciona em alguns momentos (seria impossível entender por completo o
clímax, por exemplo, se ele fosse narrado todo de um único ponto de vista), mas
em outros é desastroso e desagradável, como na cena inicial, onde Lucas parece
ter pressa em mostrar logo todos os personagens e acaba deixando os acontecimentos
sem foco algum, indo de um lado para o outro sem necessidade alguma.
Dito isso, é necessário elogiar como, apesar dos vários
erros, o livro nunca se torna desagradável de se ler, e por mais que soe
desnecessário, diverte o suficiente para não parecer uma perda de tempo. O
toque a mais de violência também foi um acerto do autor, que se beneficiando
das vantagens proporcionadas pela escrita, aproveita para deixar as cenas de
batalhas mais reais, colocando descrições de “crânios despedaçados com metal
derretido” que certamente não encaixariam no filme, pois ler algo tende a ser
menos chocante do que ver.
Outra coisa que funciona é Darth Vader, que apesar de
aparecer pouco, é o único personagem que se sustenta independente dos filmes,
já que suas aparições são sempre tensas e conseguem transmitir muito bem a
imponência necessária para qualquer bom vilão.
A edição da editora DarkSide é de capa dura e belíssima, e
mesmo que traga alguns erros de revisão e excesso de expressões como “na mosca”,
ainda assim garante uma leitura agradável e é um prato cheio para qualquer
colecionador.
De modo geral, “Uma Nova Esperança” é desnecessário, porém
agradável, e apesar de não trazer nada de novo e ser repleto de erros, garante
uma boa diversão principalmente para quem é fã, mesmo que reassistir ao filme seja
mais interessante.
João Vitor, 16 de Dezembro de 2014
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