A falta de empolgação evocada por
Liga da Justiça me faz quebrar minhas
regras e escrever um texto bem mais curto do que o costume. Peço desculpas.
Para uma série de filmes que
apostavam tanto em uma atmosfera densa e seca, não deixa de ser irônico que a
principal força deste novo Liga da
Justiça seja justamente seu senso de humor e atmosfera leve.
Não que seja obrigação de todo
filme de super-herói ser bem-humorado e cheio de alívio cômico, mas é
importante que todo filme reconheça seu material base e explore seu potencial,
funcionando dentro da própria lógica. Nesse sentido, Liga da Justiça opta por deixar o pessimismo de lado e abraçar o
bom humor. Alguns podem questionar essa decisão e até reclamar dela. Para mim,
é indiferente, o que me importa é que ele funcione dentro de suas próprias
regras.
E nesse sentido, este é um filme
relativamente competente, sendo talvez seu principal mérito conseguir empolgar
em seu clímax e terminar em uma nota esperançosa – o que se contrasta com os
filmes anteriores da franquia, que cansavam em longas sequências de ação
intermináveis e entregavam os créditos finais com alívio.
Por outro lado, também é um filme
frágil. É certo que dá para dizer que tem poucos defeitos, mas também é preciso
admitir que tem pouquíssimas qualidades.
Apresentando as motivações de
seus personagens novos sempre em uma única cena, o roteiro não parece
interessado em criar figuras interessantes sob nenhum ponto de vista. A trama
também não interessa, assim como seu vilão: uma criatura que quer juntar três
objetos para dominar o mundo (dizer que isso é genérico é um elogio). E além do
mais, o excesso de CGI na caracterização desse vilão só o torna ainda mais
artificial e descartável, parecendo mais um personagem de vídeo game do que
alguém que faz parte do universo do filme.
E também é uma pena que Zack
Snyder se mostre aqui um diretor tão desinteressante do ponto de vista
estético. Fale bem ou fale mal de Snyder, não tem como negar que ele sempre
teve uma preocupação estética que não é completamente comum entre diretores de
Hollywood (para bem ou para mal – mas em minha opinião, para bem). Mas este é
um filme quase todo composto de planos fechados, e não há um único frame que
poderia ser destacado como algo bonito de ver ou interessante em qualquer
sentido possível.
Conseguindo surpreendentes bons
momentos de humor e cumprindo seu papel com certa eficiência, Liga da Justiça é um filme que não importa
muito: nem em seus personagens, nem em sua trama, e nem mesmo em seu visual.
Prejudica-se por ser mais um filme de um gênero que inevitavelmente fica
repetitivo depois de tantas fórmulas recicladas. Mas olhando pelo lado bom,
pelo menos não cansa tanto quanto poderia, e se não consegue empolgar, tampouco
incomoda.
O.K |
João Vitor, 15 de Novembro de
2017.
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