Uma das melhores coisas sobre
este novo Star Wars é o fato de ele ser ao mesmo tempo tão coerente com seus
antecessores e também tão original. Falta a ele um pouco da empolgação e
deslumbramento de O Despertar da Força,
mas sobram momentos marcantes que surpreendem pela responsabilidade, e por não
se acomodar como um simples “segundo filme de trilogia”, preso no início pelo
que já havia acontecido e sem poder resolver muita coisa para guardar para o
fim.
Ao contrário, muitas coisas que
poderiam ser reservadas para o próximo capítulo já tomam seu lugar agora, e
eventos que nem sequer pareciam planejados também aparecem.
O trabalho de direção de Rian
Johnson tem sua dose de reverência a elementos consagrados da saga, como as transições
em “cortina”, mas também acha espaço para criações próprias e originais, como
as rimas visuais que “ligam” Rey e Kylo Ren, sendo particularmente interessante
como ele conduz com segurança diálogos que ocorrem entre pessoas em locais
diferentes – jogando com o espaço cinematográfico como poucas vezes se vê em
grandes produções.
Visualmente, o filme se prejudica
por se passar quase todo no escuro, mas pelo menos a principal sequência de
ação não só é ambientada durante o dia como traz conceitos estéticos
brilhantes, tanto em suas composições (alguns momentos específicos são quase
pinturas) como na sua própria concepção (uma superfície branca que “jorra”
vermelho parece implorar por uma batalha sangrenta).
Além disso, não faltam momentos
onde um personagem raivoso pode ser visto cercado de faíscas ou então um
momento reflexivo sendo acompanhado de cinzas caindo do céu. E o melhor momento
do filme se passa apropriadamente em um local todo vermelho, evocativo do
perigo que representa.
Em relação aos personagens, não
tem como haver o impacto nostálgico do capítulo anterior. Dessa forma, é
difícil esconder a fraca função de Chewbacca, por exemplo, mas pelo menos o
roteiro tem a chance de aproveitar um dos personagens mais icônicos da saga,
Luke Skywalker, e nisso não decepciona.
Abraçando também os comentários
políticos que no capítulo anterior pareciam apenas uma sugestão (como no
momento que remetia diretamente ao nazismo), o filme investe em uma longa
sequência cuja função é expor o egoísmo de quem mantém sua riqueza por meio de
venda de armamentos. Não que seja algo essencial à trama, mas não deixa de ser
interessante.
Mesmo parecendo um pouco devagar
em alguns momentos, como se não acompanhasse a expectativa do espectador, e
inevitavelmente ficando com um ritmo irregular por acompanhar muitos
personagens simultaneamente, Os Últimos
Jedi tem seu principal mérito em não se acovardar por ser um filme de meio
de saga, e por ter tantos elementos próprios para se provar sozinho. Tem
algumas pontas soltas (o que é aquele personagem do Benicio Del Toro?), mas
responde perguntas e resolve coisas até inesperadas, não se prendendo ao seu
antecessor nem tampouco limitando o próximo capítulo.
Muito Bom! |
João Vitor, 14 de Dezembro de
2017.
Nenhum comentário:
Postar um comentário