Sinais
Decepcionante, mas ainda um ótimo filme
Sinais é um filme interessante: ao mesmo tempo em que é uma
experiência intensa e bem realizada, fica extremamente mais fraco depois de seu
fim, ao ser submetido a um simples questionamento. O que é ainda mais triste
levando em consideração que os últimos dois trabalhos de Night Shyamalan (Sexto
Sentido e Corpo Fechado), tinham seu principal forte em sua capacidade de ir
melhorando ainda mais a cada vez em que o espectador os relembrasse e
questionasse.
A trama gira em torno de uma família de um pai solteiro (Mel
Gibson), que vem tentando, com a ajuda de seu irmão mais novo (Joaquin
Phoenix), superar a morte de sua esposa, ao mesmo tempo em que possui uma
relação distante com os filhos (Rory Culkin e Abigail Breslin). E após ser
surpreendido por um enorme “desenho” em suas plantações, uma série de eventos
supostamente envolvendo alienígenas começam a acontecer em todo o mundo.
O filme possui muitas qualidades, sendo a maior delas a
capacidade e a maturidade de Shyamalan em prezar muito mais por uma boa construção
de suspense do que apelar para sustos fáceis, deixando assim a experiência
muito mais intensa e interessante. A trilha sonora feita por James Newton
Howard (que também havia trabalho com o diretor em seus últimos filmes) também
é perfeita, mantendo um constante clima de tensão e não apelando para barulhos
ensurdecedores para dar sustos.
M. Night Shyamalan |
O roteiro, escrito pelo próprio Shyamalan, é no mínimo
irregular. Ao mesmo tempo em que acerta ao ser extremamente intimista,
estabelecendo personagens complexos (destaque para a relação do protagonista
com os filhos), erra ao deixar furos na trama e, principalmente, ao tentar
adicionar questões de fé, e com isso deixando o terceiro ato extremamente decepcionante,
e o desfecho “fácil” demais.
Mel Gibson |
As atuações são impecáveis e merecem destaque. Mel Gibson
conduz o filme de maneira tocante, fazendo com que os conflitos de seu
personagem sejam compartilhados pelo espectador. Joaquin Phoenix transmite uma
honestidade que torna impossível para o espectador não se importar com ele. E
os jovens Rory Culkin e Abigail Breslin, surgem como enormes
surpresas, convencendo como poucos em suas ingenuidades.
O saldo final de Sinais é, sem dúvidas, positivo. Trata-se
de um filme competente, que preza pelo bom suspense e não sacrifica bons
personagens em troca de cenas de ação, além de ser inesperadamente intimista e
trazer atuações excelentes. Por mais que esteja bem abaixo dos últimos
trabalhos de Night Shyamalan, e não se sustentar muito após um questionamento,
ainda é um filme diferenciado e que merece ser conferido.
Muito Bom! |
João Vitor, 2 de Janeiro de 2015.
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