“A Quinta Onda” é um filme que você começa pensando que pode
ser bom, e termina sabendo que não pode ficar pior. Pode parecer exagero, mas
este novo trabalho do diretor J. Blakeson não acerta em nada.
Desde os primeiros minutos o longa já deixa claro que não
vai ser original (aliens que invadem a Terra para roubar recursos naturais,
protagonista adolescente que é apaixonada por um garoto popular...), mas isso
não necessariamente significa que ele seria ruim. “Corrente do Mal” e “Jurassic
World”, ambos do ano passado, são dois exemplos de filmes clichês, mas
extremamente eficientes.
O problema é que “A Quinta Onda” é tão preguiçoso que nem se
esforça em brincar com seus clichês e nem sequer percebe o potencial da
premissa que tem em mãos (até mesmo a questão de como o ser humano é pior que
os aliens é resumida em – não estou exagerando – uma linha de diálogo).
Mesmo com o plot completamente batido ainda seria possível o
filme criar pelo menos algumas sequências interessantes, mas mais uma vez, ele
é estúpido demais até para pensar nisso, já que inclui até mesmo o clichê de um
personagem correndo com a mão esticada atrás de um carro que leva uma pessoa
querida.
Como se não bastasse, o roteiro ainda apela para a velha
tática preguiçosa e expositiva de trazer a protagonista escrevendo um diário
para passar as informações que o espectador precisa saber, e ainda faz questão
de incluir um triângulo amoroso completamente gratuito para tentar aumentar seu
apelo para o público jovem (vida os recentes sucessos de séries como
“Crepúsculo” e “Jogos Vorazes”).
A direção de J. Blakeson também não ajuda, sendo incapaz de
criar tensão (tendo que apelar para sustos fáceis para tentar se validar como
“suspense”) e demonstrando um total desconhecimento de como dirigir as
sequências de ação, já que além de abusar da câmera tremida, ele ainda mantém o
quadro constantemente fechado nos rostos dos atores, o que não dá ao espectador
a dimensão grandiosa do que está acontecendo.
A parte técnica também não se salva. A trilha é repetitiva
na ação e melodramática nas cenas que deveriam ser intimistas, e o trabalho de
mixagem de som é pavoroso, fazendo com que a música e os diálogos sejam
completamente inaudíveis durante as sequências de ação.
Em relação ao elenco, é preciso dizer que Chloë Grace Moretz
protagoniza o filme com segurança, ainda que obviamente seja muito prejudicada
pelo péssimo roteiro. Já Liev Schreiber (ator que já elogiei imensamente em meu
texto sobre Spotlight) nada pode fazer com seu personagem, que o extremo da
caricatura do militar durão (e as cenas que o trazem fazendo discurso são
particularmente embaraçosas).
E se o filme parece que vai ficar interessante por um breve
momento, ao incluir uma reviravolta que poderia dar uma camada de profundidade
à trama (em relação à mecanização do militarismo), é só para um minuto depois
deixar esse potencial completamente de lado e voltar a apostar em seus velhos
clichês.
Enfim, mesmo com todos seus clichês, é necessário reconhecer
que o filme tem uma coisa única: ele tenta ser um drama familiar, um romance
adolescente, um filme catástrofe, um suspense alienígena... e consegue ser ruim
em todos.
Ruim. |
João Vitor, 23 de Janeiro de 2016.
Crítica originalmente publicada no site Pipoca Radioativa: http://pipocaradioativa.com.br/
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