Poucas vezes eu vi um filme tão
ruim quanto este “Um Bom Ano”. Trata-se de uma obra desagradável sobre um
personagem mais desagradável ainda, e que ainda acredita que tem algum
potencial cômico, torturando o espetador por suas quase duas horas de duração.
O roteiro escrito por Peter Mayle
e Marc Klein acompanha o bem sucedido Max (Russell Crowe), que após a morte de
seu tio herda um vinhedo onde passou parte de sua infância. Após viajar para o
local com a intenção de vendê-lo, ele começa a descobrir novos prazeres na vida
calma do campo.
Chega a ser ridículo que o
diretor responsável por uma obra-prima como “Blade Runner” seja capaz de
incluir em um trabalho seu alívios cômicos tão ridículos, tais como um cachorro
fazendo xixi na perna de alguém, ou uma fala como “Sua bunda era mais bonita
antes” (dita pela empregada ao ver Max após um tempo), ou então simplesmente
trazendo personagens com sotaques estrangeiros carregados (como se por algum
motivo isso tornasse suas falas automaticamente cômicas).
Além disso, Ridley Scott se
mostra aqui um péssimo diretor de atores (o elenco tem nomes como Russell
Crowe, Albert Finney, Marion Cotillard e Abbie Cornish, e nenhum deles está
bem). E como se não fosse o bastante, o diretor ainda demostra não saber nada
sobre comédia, ao apostar em cenas que supostamente deveriam ser engraçadas
simplesmente pelo fato de terem sido filmadas em câmera acelerada (como aquelas
que envolvem o protagonista tendo dificuldades com seu carro alugado).
Igualmente decepcionante é ver um
ator do nível de Russell Crowe fazendo um papel tão estúpido e sem graça.
Surgindo completamente desagradável e incapaz de incluir o mínimo carisma em
seu personagem, Crowe ainda demonstra uma total falta de timing cômico e
incapacidade para o humor físico (e a cena que o traz em uma piscina cheia de
terra e outra em que ele sai correndo assustado por um escorpião estão entre as
piores do longa e também entre as mais estúpidas que eu já vi até hoje).
E se isso tudo ainda não fosse o
suficiente, o filme ainda se mostra completamente machista, retratando as
personagens femininas como verdadeiros objetos sexuais (chegando ao cúmulo de
trazer a personagem de Marion Cotillard levantando sua saia no meio da rua para
mostrar seus machucados na perna), e até mesmo a bela fotografia (que cria um
interessante contraste entre as cores quentes do campo e a frieza mecânica da
cidade) acaba sendo desperdiçada, já que não condiz com as tentativas de
comédia do roteiro, servindo mais para uma narrativa dramática.
Sendo ainda completamente
previsível e artificial em seu desfecho, “Um Bom Ano” é um desastre completo,
sendo incapaz de gerar empatia com seu protagonista desagradável (e não é à toa
que esta já é a quarta vez que uso essa palavra) e falhando em todas suas tentativas de fazer comédia –
e o fato de ter na direção um nome tão forte como Ridley Scott só torna o
desastre ainda mais lamentável.
Ruim. |
João Vitor, 15 de Fevereiro de
2016.
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