Esquadrão Suicida
é um filme que diverte pontualmente enquanto não se leva a sério, e que se
torna profundamente entediante ao se render aos mais diversos clichês do gênero
super-herói e se tornar apenas mais um filme tolo.
A história é basicamente a seguinte: o governo americano
reúne vários criminosos altamente perigosos para realizar missões arriscadas,
dentre eles uma médica psicopata, um habilidoso atirador, um assaltante de
banco e alguns outros com poderes sobrenaturais.
Não, não se trata de uma história verossímil, mas estamos
falando de pessoas adultas vestindo roupas coloridas e saindo para explodir
coisas, então por que se levar a sério?
E é justamente ao não se levar a sério e se divertir junto
com o espectador que o filme se torna interessante (as cenas que envolvem
ataques de vilões fantasiados com roupas completamente sem sentido – como uma
cabeça de bode ou um olho gigante – são minhas preferidas). Mas esses são
momentos isolados, e quando o filme realmente investe em contar sua história
encontra diversos problemas.
O roteiro já começa corrido, ao apresentar diversos
personagens de uma vez em sequências visivelmente apressadas (ainda que tragam
alguns momentos interessantes, principalmente em função da energia empregada
pelo diretor David Ayer) e estabelecer seu principal vilão de maneira abrupta e
com motivações frágeis, sem contar que não traz senso de ameaça algum. Além
disso, o texto ainda soa completamente tolo ao tentar trazer complexidade para
a relação entre os personagens do Coringa e Arlequina, já que tratam-se de
personagens propositalmente exagerados, e suas supostas motivações humanas não
passam de artificiais.
Aliás, o que dizer da opção de trazer uma mulher como
protagonista cujo principal sonho na vida é – literalmente! – se casar e ter
filhos com um homem que a maltrata, se rendendo a uma visão machista e
ultrapassada?
E se não fosse o suficiente, o roteiro ainda deixa diversas incoerências
no que diz respeito aos personagens secundários, como ao tratar o personagem
“El Diablo” durante o filme todo como um mero coadjuvante, apenas para de uma
hora para outra o transformar no centro emocional da história, ou então ao
trazer um personagem com potencial como o “Crocodilo” apenas para usá-lo como
alívio cômico em piadas que não têm graça.
Por outro lado, o diretor David Ayer (dos bons Marcados para Morrer e Corações de Ferro) faz um bom trabalho
em imprimir uma energia anárquica nas sequências de ação, ainda que demonstre um
total desconhecimento da tecnologia 3D, já que o filme se passa praticamente
todo à noite, e com isso, diversas vezes é quase impossível entender o que está
acontecendo na tela (como sempre, vale lembrar que os óculos 3D automaticamente
já deixam tudo mais escuro).
Em relação ao elenco, Margot Robbie se diverte muito como
Arlequina e tem a chance de protagonizar o filme. Will Smith mais uma vez
conquista pelo carisma, conseguindo comover dramaticamente ao mesmo tempo em
que traz um interessante timing cômico. E Jared Leto tem pouco tempo de tela e
não pode trabalhar o Coringa como merecia, mas ainda assim consegue convencer
como uma ameaça, além de protagonizar os melhores momentos do longa.
Se estendendo mais do que o necessário em seu terço final, ainda
que pareça completamente apressado em sua primeira meia hora, Esquadrão Suicida não é uma completa
perda de tempo, tem momentos pontuais inspirados, mas no geral é apenas mais um
filme que está mais preocupado em gerar bilheteria e garantir continuações do
que contar uma boa história.
Regular. |
João Vitor, 3 de Agosto de 2016.
Crítica originalmente publicada no site Pipoca Radioativa: http://pipocaradioativa.com.br/
Crítica originalmente publicada no site Pipoca Radioativa: http://pipocaradioativa.com.br/
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