Mesmo com apenas três filmes no
currículo o diretor Jeff Nichols conseguiu se estabelecer como uma das
principais esperanças da nova geração do cinema americano. E agora com seu
quarto longa, Midnight Special, ele
não decepciona e prova mais uma vez que é um nome para sempre ficar de olho.
O filme é melhor apreciado se
você não souber muitos detalhes da trama, então serei bem breve com a sinopse:
dois homens estão fugindo com uma criança com poderes sobrenaturais enquanto o
governo americano está desesperado em sua procura.
Uma das coisas que mais chamam a
atenção no início da projeção é o fato de o roteiro privar o espectador de
diversas informações importantes sobre o que está acontecendo, como se houvesse
cortado a parte da introdução e se iniciado no meio da ação, algo que aumenta o
senso de urgência das perseguições e também a ambiguidade dos personagens –
levando um bom tempo até que fiquem claras as motivações de cada um (uma
manobra arriscada, mas que aqui funciona muito bem justamente por torna-los
mais instigantes e aumentar o clima de suspense).
O diretor Jeff Nichols é muito feliz em criar
um clima tenso e inquieto durante as primeiras sequências do filme (que
envolvem várias perseguições em alta velocidade), e a partir do momento em que
fica claro que há algo sobrenatural envolvido na trama (não é spoiler) ele é
hábil em fazer a transição para um tom que investe mais no suspense e no
fantasioso. Aliás, é interessante notar como a trilha sonora parece sugerir um
toque de fantasia desde os primeiros minutos, mesmo antes de ela de fato
aparecer, além de ainda ser muito eficiente em evocar tensão e energia para as
sequências de ação.
Plasticamente a fotografia de Adam
Stone (que também colaborou com o diretor em todos seus trabalhos anteriores)
se prejudica um pouco pelo fato de a trama se passar quase toda a noite, deixando
o visual um tanto quanto monótono, ainda que reforce o senso de mistério
proposto pelo diretor. Já as cenas passadas de dia são fotografadas
apropriadamente com cores secas e melancólicas, com constantes pontos de forte
luz branca que refletem a ideia de fantasia.
O elenco é homogeneamente
competente. O jovem Jaeden Lieberher (que já havia se destacado em Um Santo Vizinho) não decepciona ainda
que seu personagem dependa muito mais das ações ocorridas em função dele do que
de sua interpretação em si. Já Kirsten Dunst foge da unidimensionalidade com
uma figura trágica que consegue passar toda a sua dor e sofrimento. Joel
Edgerton é hábil em inspirar confiança no espectador mesmo com suas ações
dúbias. E Adam Driver (recentemente conhecido por interpretar Kylo Ren na saga
Star Wars) convence pela inteligência e maturidade de seu personagem, além de
ser capaz de evocar fragilidade, conseguindo provocar identificação com o
espectador e o impedindo de se tornar um vilão (o que não é o objetivo do
roteiro).
Mas o maior destaque fica mesmo
por conta de Michael Shannon (que também esteve presente em todos os trabalhos
do diretor). Com um sotaque carregado e uma dicção difícil, o ator convence com
a dedicação implacável de seu personagem, e o fato de ele ser completamente
introspectivo só serve para tornar suas ações ainda mais impactantes – e poucos
atores convencem tanto com overactings do
que Shannon.
Mesmo decepcionando um pouco em
seu desfecho (que contradiz a lógica criada até ali: que sugere que a história
não é sobre o menino com superpoderes e sim sobre o drama das pessoas
envolvidas ao redor dele) Midnight
Special ainda é um filme muito bom e original que prova mais uma vez o
talento de seu jovem diretor.
Muito Bom! |
João Vitor, 29 de Abril de 2016.
Crítica originalmente publicada no site Pipoca Radioativa: http://pipocaradioativa.com.br/
Crítica originalmente publicada no site Pipoca Radioativa: http://pipocaradioativa.com.br/
Eu gostei muito da premissa da história, acho que o trabalho de Jeff é muito bom. Michael Shannon alcançará um papel forte que convence o espectador. Ele fará um ótimo trabalho em seu novo filme. Na minha opinião, Fahrenheit 451 será um dos mehores filmes baseados em livros de este ano. O ritmo do livro é é bom e consegue nos prender desde o princípio. O filme vai superar minhas expectativas. Além, acho que a sua participação neste filme realmente vai ajudar ao desenvolvimento da história.
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