terça-feira, 9 de junho de 2015

Crítica: Dúvida, de John Patrick Shanley

“Dúvida” é um filme que se passa em uma escola católica, nos anos 60, e mostra os esforços da irmã Aloysius (Streep) para expulsar o “moderno” padre Flynn (Seymour Hoffman), após irmã James (Adams) dar motivos para suspeitar que ele possa ter molestado o único garoto negro da escola.


Como não poderia deixar de ser, o destaque do filme fica por conta dos atores (o elenco traz: Philip Seymour Hoffman, Amy Adams, Viola Davis e Meryl Streep), mas os méritos não são só deles, o filme é realmente bom.


O roteiro, baseado em uma peça de teatro do próprio diretor, acerta por tirar o espectador de sua zona de conforto e o obrigar a pensar e a julgar os personagens, ainda que aqui e ali peque pelo excesso de unidimensionalidade (algo que é disfarçado pelo trabalho impecável e detalhista dos atores).

Já os alívios cômicos, presentes para evitar que a narrativa se torne carregada demais, falham feio, soando gratuitos e tolos, e deixam o filme com um tom um pouco mais indeciso e irregular.


O diretor John Patrick Shanley consegue conduzir a trama em um ritmo agradável e ainda acerta por incluir detalhes mais sofisticados que enriquecem a narrativa, como o insistente toque de telefone presente em uma tensa conversa, que contribui para a criação da atmosfera desconfortável, ou os estalos de uma lâmpada acompanhando uma discussão mais acalorada.


Acertando ainda por se encerrar com um final coerente, mas que provavelmente pode desagradar grande parte do público, Dúvida se mostra um filme diferenciado, que traz um impressionante duelo de atores e um roteiro muito competente, ainda que irregular.


Bom.
João Vitor, 9 de Junho de 2015.