quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Crítica: Liga da Justiça, de Zack Snyder

A falta de empolgação evocada por Liga da Justiça me faz quebrar minhas regras e escrever um texto bem mais curto do que o costume. Peço desculpas.


Para uma série de filmes que apostavam tanto em uma atmosfera densa e seca, não deixa de ser irônico que a principal força deste novo Liga da Justiça seja justamente seu senso de humor e atmosfera leve.

Não que seja obrigação de todo filme de super-herói ser bem-humorado e cheio de alívio cômico, mas é importante que todo filme reconheça seu material base e explore seu potencial, funcionando dentro da própria lógica. Nesse sentido, Liga da Justiça opta por deixar o pessimismo de lado e abraçar o bom humor. Alguns podem questionar essa decisão e até reclamar dela. Para mim, é indiferente, o que me importa é que ele funcione dentro de suas próprias regras.

E nesse sentido, este é um filme relativamente competente, sendo talvez seu principal mérito conseguir empolgar em seu clímax e terminar em uma nota esperançosa – o que se contrasta com os filmes anteriores da franquia, que cansavam em longas sequências de ação intermináveis e entregavam os créditos finais com alívio.

Por outro lado, também é um filme frágil. É certo que dá para dizer que tem poucos defeitos, mas também é preciso admitir que tem pouquíssimas qualidades.

Apresentando as motivações de seus personagens novos sempre em uma única cena, o roteiro não parece interessado em criar figuras interessantes sob nenhum ponto de vista. A trama também não interessa, assim como seu vilão: uma criatura que quer juntar três objetos para dominar o mundo (dizer que isso é genérico é um elogio). E além do mais, o excesso de CGI na caracterização desse vilão só o torna ainda mais artificial e descartável, parecendo mais um personagem de vídeo game do que alguém que faz parte do universo do filme.


E também é uma pena que Zack Snyder se mostre aqui um diretor tão desinteressante do ponto de vista estético. Fale bem ou fale mal de Snyder, não tem como negar que ele sempre teve uma preocupação estética que não é completamente comum entre diretores de Hollywood (para bem ou para mal – mas em minha opinião, para bem). Mas este é um filme quase todo composto de planos fechados, e não há um único frame que poderia ser destacado como algo bonito de ver ou interessante em qualquer sentido possível.

Conseguindo surpreendentes bons momentos de humor e cumprindo seu papel com certa eficiência, Liga da Justiça é um filme que não importa muito: nem em seus personagens, nem em sua trama, e nem mesmo em seu visual. Prejudica-se por ser mais um filme de um gênero que inevitavelmente fica repetitivo depois de tantas fórmulas recicladas. Mas olhando pelo lado bom, pelo menos não cansa tanto quanto poderia, e se não consegue empolgar, tampouco incomoda.

O.K
João Vitor, 15 de Novembro de 2017.

Crítica: Guardiões da Galáxia Vol. 2, de James Gunn

Existem diversos motivos pelos quais o primeiro “Guardiões da Galáxia” (2014) pode facilmente ser considerado um dos melhores filmes de super-heróis dessa nova geração: o senso de humor absurdo, o divertimento no uso da trilha sonora, os personagens carismáticos, uma estética própria, etc.


E por ser um dos únicos filmes do gênero que pode ser classificado como “original”, não deixa de ser surpreendente que sua continuação seja igualmente bem sucedida em todos os sentidos, conseguindo ao mesmo tempo ser fiel ao seu antecessor e trazer elementos novos que o estabelecem como um dos melhores blockbusters do ano.

Enquanto o primeiro filme, por ser uma história de origem, era mais focado na apresentação dos personagens e na interação entre eles (e aqui é onde ele se destacava tanto!), esta sequência já é um pouco mais focada em seu protagonista (Peter Quill, vivido por Chris Pratt), e aposta em uma trama ainda mais simples do que a anterior, encontrando sua força mais uma vez nos seus personagens e em seu visual tão particular.

A direção é mais uma vez do ótimo James Gunn, que entende que por tratar-se de um filme 3D, a ação não precisa se passar apenas no primeiro plano da tela (gosto particularmente da sequência inicial de créditos, que acompanha uma longa luta que acontece toda no background), e justamente por estar trabalhando em 3D, quanto mais cores melhor.

O roteiro mais uma vez acerta por manter uma boa média de alívios cômicos eficientes, e surpreende por resgatar ideias que por já terem sido apresentadas anteriormente acabam sendo ainda mais engraçadas, como em uma piada envolvendo certo desconforto causado por uma armadura em Drax, que é citada logo no início e depois reaparece no fim: são dois momentos relativamente eficientes, mas que por terem sido apresentados como “pista” e “recompensa” nas extremidades do filme, têm seu valor cômico potencializado.


Mas não é apenas na comédia que o filme se destaca, já que demostra empatia com seus personagens, tanto com os já conhecidos como quanto com os novos (gosto muito da relação entre Drax e uma nova alienígena), conseguindo até emocionar em seu desfecho, sem precisar parecer melodramático ou apelativo.

Se beneficiando também por não interromper sua história para fazer links com os outros filmes do universo Marvel, Guardiões da Galáxia 2 pode até se prejudicar um pouco por dividir sua trama em dois núcleos e com isso deixar seu protagonista (que aqui tem importância maior) com menos tempo de tela do que o essencial, mas é um filme tão divertido e bem executado que ao final dá a impressão de ser o que todo filme de super-herói gostaria de ser.

Muito Bom!

João Vitor, 14 de Novembro de 2017.