segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Lista: Filmes Vistos em Março

A lista a seguir reúne os filmes que eu vi durante o mês de Março, com um breve comentário sobre cada um deles, além de uma nota de 1 a 5 para cada um.

De Volta Para o Futuro – Robert Zemeckis: Sem dúvidas, um dos meus filmes preferidos. Traz possivelmente o roteiro mais divertido que eu já vi, além de inúmeros momentos marcantes e inesquecíveis, e vários easter eggs, que fazem com que ele melhore a cada revista. Nota: 5/5

Histórias Cruzadas – Tate Taylor: É um filme agradável, com um ótimo designe de produção e boas atuações, mas que erra ao acrescentar demasiados elementos dramáticos na trama, soando artificial, e demostrando uma enorme indecisão se quer ser um drama pesado ou uma sátira. Nota: 3/5

O Candidato Honesto – Roberto Santucci: Além de absurdamente sem graça (em alguns momentos até vergonhoso), o filme é extremamente raso em sua tentativa de crítica ao governo, que se limita em dizer o famoso e genérico "todo político é ladrão" e ainda termina com um desfecho pavoroso e que contraria tudo o que o roteiro tentava fazer até então.
Para piorar, as tentativas de humor físico e o "timing" cômico de Leandro Hassum são tão ruins, que conseguem a proeza de deixar cada tentativa de piada do filme ainda mais ridícula. Nota: 1/5

Simone – Juan Zapata: Possui um ótimo roteiro, que acerta por não tentar ser mais do que realmente é, e ainda traz uma direção cuidadosa, que acerta ao contar a história de maneira não linear e conduzir a narrativa em um ritmo agradável que vai gradualmente se intensificando. Nota: 4/5

Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância) – Alejandro G. Iñarritu: Crítica completa aqui.

Volver – Pedro Almodóvar: É um filme com um roteiro redondinho, uma direção competente e um ótimo visual. Nota: 4/5

Todos Dizem Eu Te Amo – Woody Allen: Sem dúvidas um dos melhores do Woody Allen, ou no mínimo um dos mais sensíveis. Nota: 5/5

O Filho – Jean-Pierre e Luc Dardenne: É um filme sufocante (reforçado pelos constantes planos fechados) e extremamente cuidadoso, que traz situações emocionalmente complexas e impossíveis de não se identificar. Nota: 5/5

Lula: O Filho do Brasil – Fábio Barreto: Mesmo tento uma narrativa falha, o filme consegue criar alguns momentos marcantes e trazer ótimas interpretações, especialmente a atuação central de Rui Ricardo Diaz. Nota: 3/5

Prometheus – Ridley Scott: O roteiro tem problemas gravíssimos que comprometem o filme, mesmo que a parte técnica seja excelente: o trabalho de som é cuidadoso e marcante, assim como o designe de produção, e a direção de Ridley Scott explora todas essas qualidades, dando à narrativa um interessante tom épico - mas que, infelizmente, não consegue esconder os furos e os clichês da trama. Nota: 3/5

E Aí… Comeu? – Felipe Joffily: Além de machista, é extremamente sem graça, escapado do fracasso completo apenas por conseguir explorar uma ou outra situação cotidiana que gera identificação. Nota: 2/5

Cinzas no Paraíso – Terrence Malick: Filmaço, belíssimo em todos os sentidos: a beleza estética (destaque para as cenas passadas ao pôr do sol) complementa a honestidade e a poesia do roteiro, que traz um drama tocante em uma história simples, mas que consegue ser extremamente profunda e sensível. Nota: 5/5

Por Uns Dólares a Mais – Sergio Leone: Ao estender seu segundo ato um pouco mais do que o necessário acaba ficando um pouco abaixo de seu antecessor, mas ainda assim a marcante trilha sonora e a impecável direção valer valer, e muito, a experiência. Nota: 4/5

Lolita – Stanley Kubrick: Mesmo não sendo um dos trabalhos mais ambiciosos do Kubrick, não é nada menos do que ótimo, já que traz discussões interessantes, um trabalho de direção excelente, e consegue ir a fundo em sua temática - mesmo que essa se mostre um pouco mais simples do que as propostas de filmes como "2001" e "O Iluminado". Nota: 4/5

Igual a Tudo na Vida – Woody Allen: As cenas protagonizadas por Woody Allen são engraçadíssimas e fazem valem o filme, que de modo geral soa um pouco automático e descompromissado, ao contrário da maioria dos outros trabalhos do diretor. Nota: 3/5

O Vídeo de Benny – Michael Haneke:  Filme excelente! Fala sobre o desprezo das pessoas pelas outras (algo reforçado pela opção de Michael Haneke constantemente não mostrar o rosto de alguns personagens), com uma narrativa fria e com toques de humor negro (destaque para a rimas visuais envolvendo a morte do porco e a da garota, o personagem limpando o leite derramado banalmente da mesma forma que ele limpava há pouco o sangue do chão, e as visitas do protagonista ao McDonalds para comer hambúrgueres). Nota: 5/5

Dirigindo no Escuro – Woody Allen: Mesmo não sendo um dos melhores do Woody Allen, ainda traz a ironia e o senso de humor característico dele, além de inúmeros momentos hilários e um ótimo visual. Nota: 3/5

Roger e Eu – Michael Moore: Interessante ver como desde seu primeiro filme Michael Moore já demonstrava as características que o definiria em seus filmes maiores: destaque para a ironia marcante e o seu senso de humor, que explora o potencial satírico das situações. Nota: 4/5

A Origem dos Guardiões – Peter Ramsey: Possui um excelente trabalho de designe de produção, mas acaba pecando em seu roteiro, já que suas tentativas de humor nem sempre são bem sucedidas e o desenvolvimento da trama soa bem mecânico e previsível. Nota: 3/5

O Expresso do Amanhã – Joon-ho Bong: Seu roteiro não é particularmente inovador em sua crítica e ainda traz alguns problemas de estrutura, mas ainda assim, consegue explorar ao máximo seu potencial, e isso somado às ótimas atuações, o marcante designe de produção, e a cuidadosa direção de Joon-ho Bong transformam a obra em um ótimo filme. Nota: 4/5

Sideways – Entre Umas e Outras – Alexander Payne: O roteiro é excelente, assim como as interpretações, a fotografia é belíssima e a direção, mesmo que discreta, é competente. Nota: 4/5

Medo e Desejo – Stanley Kubrick: É interessante notar como Kubrick demonstrava talento desde seu primeiro longa, principalmente na criação de tensão. Mas ainda assim, o roteiro mediano torna este seu filme mais fraco. Nota: 4/5

Má Educação – Pedro Almodóvar: Sem dúvidas, um dos melhores do Almodóvar. Acho que como um todo ainda prefiro "Fale com Ela", mas a sua complexa estrutura narrativa diferencia muito "Má Educação", que traz ainda um apuro visual impressionante, e excelente atuações. Nota: 5/5

O Amor É Estranho – Ira Sachs: Se diferencia pelas suas impressionantes atuações e seu ótimo roteiro, que acerta ao ser simples e não apelar para o melodrama. Nota: 4/5

Edifício Master – Eduardo Coutinho: É impressionante a capacidade de Coutinho de, em um único encontro, conseguir estabelecer conversas que os entrevistados só teriam com amigos íntimos. Nota: 5/5

Lanterna Verde – Martin Campbell: Se rende a inúmeros clichês e é extremamente descartável, sem nenhum personagem carismático ou algum momento marcante. Nota: 2/5

Cássia – Paulo Henrique Fontenelle: Além de extremamente sensível e tocante, consegue ainda, sem soar forçado ou pretensioso, fazer um relevante comentário crítico sobre a mídia sensacionalista e a importância da legalização do casamento gay. Nota: 5/5

A Música Nunca Parou – Jim Kohlberg: Possui um roteiro irregular, mas que mesmo com várias falhas, consegue estabelecer momentos memoráveis e tocantes, que acertam por não apelar para o melodrama, e isso somado às ótimas atuações fazem valer o filme. Nota: 4/5

Morangos Silvestres – Ingmar Bergman: Com uma fotografia sombria e uma excelente direção, o filme consegue ser extremamente nostálgico e profundo. Nota: 5/5

Miss Violence – Alexandros Avranas: Quando o filme tenta chocar e opta por uma narrativa mais pesada, ele se sai muito bem. O único problema é que a primeira hora de projeção é demasiadamente esticada, e por mais que com isso consiga acentuar ainda mais a parte densa, ela acaba soando mais cansativa e vaga do que deveria. Nota: 4/5

Sindicato de Ladrões – Elia Kazan: Traz personagens complexos e humanos em instigantes dilemas morais, com uma direção excelente e atuações marcantes. Nota: 5/5

A Dançarina e o Ladrão – Fernando Trueba: O filme até tem uma ou outra boa ideia, mas acaba pecando pelo excesso de elementos do roteiro, e pela sua necessidade de desenvolver profundamente cada um deles. 
Há material para se fazer pelo menos uns quatro filmes aqui (o romance entre um ex-presidiário e um garota muda; a redenção de um ex-golpista; uma dupla de ladrões planejando um grande crime; um ex-presidiário em busca de vingança), e todos poderiam funcionar separadamente desde que tivessem um bom roteiro, mas tudo em um filme só e com um roteiro fraco beira o desastre. Nota: 2/5

A Capital dos Mortos – Tiago Belotti: Tiago Belotti demostra um profundo domínio do gênero, e se sai extremamente bem especialmente ao criar suspense e não se levar a sério demais. O único problema é um ou outro personagem que não funciona tão bem quanto deveria, mas nada que atrapalhe o resultado final. Nota: 4/5

Golpe Duplo – Glenn Ficarra e John Requa: O roteiro peca ao se tornar complexo demais e tentar amarrar cada detalhe da trama, mas, ainda assim, o filme traz vários momentos marcantes, uma ótima direção, e atuações inspiradas que fazem valer o ingresso. Nota: 3/5

O Equilibrista – James Marsh: É um filme sensível e belo, que consegue fazer com que seus problemas sejam propositalmente deixados em segundo plano pelo espectador. Nota: 4/5

Acima das Nuvens – Olivier Assayas: Possui ótimas atuações, um roteiro competente que traz uma interessante metalinguagem, e uma fotografia que utiliza de maneira exemplar as impressionantes locações. 
Mas, infelizmente, sua frieza excessiva impede um envolvimento emocional do espectador, o que acaba sendo prejudicial para a proposta do filme. Nota: 3/5

Para Roma Com Amor – Woddy Allen: A trama envolvendo Roberto Benigni é sem graça e óbvia demais em sua crítica. A envolvendo Penelope Cruz é sensacional e é a única a fazer jus a carreira do Woody Allen. Já a que envolve o próprio Woody Allen tem alguns momentos engraçados, mas de modo geral é só isso. E a que traz Ellen Page é interessante, mas soa fraca por ser tratada como a principal do filme.
De modo geral, "Para Roma Com Amor" é um filme agradável, mas esquecível, que mostra mais uma vez que Wood Allen é incapaz de fazer um filme ruim, mas se mostra um dos trabalhos mais fracos de sua brilhante carreira (principalmente se levarmos em conta que quando rodou este longa ele vinha de dois grandes acertos: Tudo Pode Dar Certo e Meia Noite em Paris). Nota: 3/5

A Criança – Jean-Pierre e Luc Dardenne: Além de um drama pesado e convincente, o filme traz ainda uma excelente direção, que com seus constantes longos planos sem cortes cria uma narrativa marcante e claustrofóbica. Nota: 5/5

Lovelace – Jeffrey Friedman e Rob Epstein: O filme funciona em sua própria lógica (que opta pelo exagero, mas acerta por nunca soar implausível), e traz atuações interessantes em um drama consistente. 
Só acaba pecando um pouco pela falta de sutileza e profundidade em alguns momentos e ao apelar para um melodrama artificial nos minutos finais de projeção. Nota: 4/5

O Dorminhoco – Woody Allen: Possivelmente o filme mas engraçado do Woody Allen, com inúmeras piadas inesquecíveis e um comentário político que acerta por não se levar a sério demais e nem tirar o foco do senso de humor. Nota: 5/5

Seven – Os Sete Pecados Capitais – David Fincher: Um dos poucos que digo com certeza: "está entre os meu 10 filmes preferidos".
Sensacional em todos os sentidos: o roteiro é perfeito, as atuações são extremamente competentes (destaque para a pequena, mas inesquecível, participação de Kevin Spacey), e a direção de David Fincher, com a ajuda da incrível trilha sonora e da sombria fotografia (que se mantém compreensível mesmo com o filme se passando quase todo sob chuva), cria uma narrativa única, com momentos de extrema tensão, e que traz ainda um clímax que não apenas encerra a trama de maneira brilhante, como meche com o espectador de uma forma inacreditável e inesquecível. Nota: 5/5

O Crítico – Hernán Guerschuny: Traz uma interessante metalinguagem e é extremamente feliz ao apostar no senso de humor, o único defeito é o ritmo um pouco irregular e as tentativas do roteiro de se levar a sério demais. Nota: 4/5

O Golpista do Ano – Glenn Ficarra e John Requa: É impressionantemente eficaz em oscilar entre o humor e o drama, fazendo com que o espectador se divirta ao mesmo tempo em que percebe o peso dramático das situações. Mas, infelizmente, o roteiro acaba se estendendo um pouco mais do que o necessário em passagens mais descartáveis, soando um pouco irregular, e deixando a impressão de potencial desperdiçado. Nota: 3/5

Celebridades – Woody Allen: Disparado o pior do Woody Allen, e o único de sua carreira que, a meu ver, pode ser definido como "ruim". 
Para quem é fã, tem um ou outro momento em que o senso de humor característico do cineasta é notável, e isso somado à atuação de Kenneth Branagh garantem um ou outro momento de leve diversão, e fazem com que as quase duas horas não cheguem a ficar chatas. 
Mas a incapacidade do filme de se encontrar chega a ser lamentável, soando como um amontoado de situações quase que aleatórias unidas sem nexo, povoadas por personagens desinteressantes (exceção para o protagonista) e um ritmo irregular e sem fluidez que faz do longa uma experiência para ser esquecida. Nota: 2/5

Memórias de um Assassino – Joon-ho Bong: Filme espetacular, especialmente recomendado para quem gosta de obras como Zodíaco (David Fincher, 2007).
Consegue ser frio ao mesmo tempo em que é extremamente humano, além de possuir uma direção impecável que acerta ao utilizar a violência de maneira crua e criar momentos inesquecíveis. Nota: 5/5

Baixio das Bestas – Cláudio Assis: O filme consegue chocar e é muito bem dirigido, mas o ritmo arrastado e ausência de uma trama mais bem estabelecida acabam por criar uma narrativa desnecessariamente fria e que atrapalha seus próprios objetivos. Nota: 3/5

A Grande Arte – Walter Salles: Mesmo bem dirigido e com ideias interessantes, o roteiro mediano acaba atrapalhando a experiência. Nota: 3/5

Poucas e Boas – Woody Allen: Traz alguns problemas de estrutura e ritmo, mas por possuir um personagem principal interessante e complexo em situações inusitadas (destaque para a cena que envolve um telhado e a que mostra diferentes versões de um crime), o filme se sustenta e vale a pena, mesmo que esteja abaixo do que o Woody Allen costuma fazer. Nota: 4/5

Intocáveis – Eric Toledano e Olivier Nakache: Extremamente sensível e tocante, recheado de momentos inesquecíveis e um afinado senso de humor. Nota: 5/5

Tomboy – Céline Sciamma: Conquista pela sua simplicidade e delicadeza, além de trazer uma performance central impressionante. Nota: 4/5

Mar Adentro – Alejandro Amenàbar: Mesmo se sustentando muito mais pela força da história real do que por méritos próprios, o filme acerta em retratar o drama do personagem de maneira humana e levantar interessantes e complexas questões a serem debatidas. Nota: 4/5

50% - Jonathan Levine: Tem bons momentos, principalmente em seu terceiro ato, mas de modo geral é extremamente previsível e superficial. Nota: 3/5

Sonhos de um Sedutor – Herbert Ross : Além de absurdamente engraçado, suas referência à Casablanca são ótimas e se encaixam na trama de maneira perfeita, sem soarem forçadas ou como plágio, transformando o filme numa experiência única e inesquecível. Nota: 5/5

O Hospedeiro – Joon-ho Bong: Possui um senso de humor peculiar, que traz fortes críticas ao sistema, além de funcionar muito bem como filme de mostro, com vários momentos marcantes, mesmo que com alguns probleminhas de CGI. Nota: 4/5

Gritos e Sussuros – Ingmar Bergman: Extremamente pesado e marcante. Nota: 5/5

Melinda e Melinda – Woody Allen: Ao criar duas tramas paralelas (uma de drama e uma de comédia), o roteiro poderia facilmente ficar irregular e acabar estragando até mesmo boas ideias, mas o que acontece é o oposto, já que a narrativa se mantém interessante durante toda a projeção, e as tramas se desenvolvem de maneiras igualmente satisfatórias, tornando o filme homogêneo e divertido. 
Acho que, como um todo, é um dos trabalhos mais subestimados do Woody Allen. Nota: 4/5

Rocky, um Lutador – John G. Avildsen: O fato de ele ter tirado o Oscar de "Taxi Driver" realmente foi uma injustiça, mas mesmo assim o filme não deixa de ser muito bom. 
Por mais que seja um pouco mais arrastada e longa do que o necessário, a narrativa consegue trazer um drama convincente, um interessante e coerente senso de humor, e um clímax extremamente marcante. Nota: 4/5

O Abismo Prateado – Karim Ainouz: Traz atuações impressionantes, além de uma bela sensibilidade, mesmo que não seja particularmente inovador. Nota: 4/5

O Céu de Suely – Karim Ainouz: Possui um drama comovente, além de ser muito bem dirigido e trazer atuações impecáveis. Nota: 4/5

O Lenhador – Nicole Kassell: Além de possuir um drama marcante e consistente, traz ainda um designe de som exemplar, que ao mostrar os efeitos sonoros não da maneira com que eles acontecem e sim da maneira com que o protagonista os capta, acaba por obrigar o espectador a se colocar no lugar dele, mesmo que contra a sua vontade. Nota: 5/5

Drive – Nicolas Winding Refn: A trama em si não é particularmente marcante ou inovadora, mas a maneira com que ela é contada se diferencia pela excelente direção, que com um apuro estético invejável, cria uma narrativa única, com vários momentos marcantes e uma frieza que mantém um constante clima de tensão. Nota: 4/5

No – Pablo Larraín: Consegue ser relevante politicamente ao mesmo tempo em que cria uma narrativa competente, muito bem dirigida, e com interessantes discussões. Nota: 4/5


Só Deus Perdoa – Nicolas Winding Refn: Mesmo bem dirigido e com um apuro estético interessante, o filme acaba errando em tentar apoiar a narrativa na relação entre os personagens, já que estes se mostram mal desenvolvidos e desinteressantes. Nota: 3/5

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Lista: Filmes Vistos em Fevereiro

A lista a seguir reúne os filmes que eu vi durante o mês de Fevereiro, com um breve comentário sobre cada um deles, além de uma nota de 1 a 5 para cada um.

Tudo Pode Dar Certo – Woody Allen: Um compacto com um pouquinho de tudo do que há de melhor na filmografia de Woody Allen. Nota: 5/5

Grandes Olhos – Tim Burton: Tim Burton encontra alguns problemas ao ter que lidar com o lado mais dramático da história real, mas ainda assim, consegue criar uma lógica própria e fazer o filme funcionar muito bem dentro dela. Nota: 4/5

Indomável Sonhadora – Benh Zeitlin: O visual do filme é competente e suas atuações são impressionante, mas isso não o impede de ser desinteressante e aborrecido. Nota: 3/5

Sobre Meninos e Lobos – Clint Eastwood: Sensacional em todos os sentidos, principalmente pela composição e os dramas de seus personagens, e suas impressionantes atuações. Nota: 5/5

Última Parada 174 – Bruno Barreto: O impacto da história real acaba por garantir uma experiência interessante, mas ainda assim, o filme em si possui um roteiro extremamente problemático, com diálogos quase absurdos, e mesmo as dedicadas atuação não escondem a fragilidade da composição dos personagens. Nota: 3/5

A Morte Passou Por Perto – Stanley Kubrick: Possui personagens complexos em uma trama interesante, além de um impressionante clima crescente de tensão que demonstra o talento de Stanley Kubrick desde o início de sua carreira, e mesmo que ainda não se compare com suas principais obras, como 2001 e Laranja Mecânica, ainda é um filme irretocável. Nota: 5/5

Medo da Verdade – Ben Affleck:  Ben Affleck consegue manter um constante clima de suspense, e o roteiro traz, além de uma trama instigante e ótimos personagens, inúmeros dilemas morais, e toca em questões delicadas de maneira consciente e sem se desviar da proposta principal. Nota: 5/5

O Juiz – David Dobkin: É um filme competente, mas bem pouco ousado, com um roteiro que falha na maioria de suas tentativas de humor e na composição de seus personagens, mas é feliz ao apostar do talento de seus atores, e merece créditos por se sustentar por mais de duas horas sem ser cansativo. Nota: 3/5

A Caça – Thomas Vinterberg: Marcante e relevante, trazendo ainda um roteiro perfeito e uma excepcional performance de Mads Mikkelsen. Nota: 5/5

Carandiru – Hector Babenco: Acaba por valer pelo impacto da história real e suas ótimas atuações, mas possui sérios problemas em sua estrutura e falha pelo excesso de personagens. Nota: 3/5

Cake: Uma Razão Para Viver: É um filme até que bem dirigido e com um clima de drama interessante, mas o roteiro se mostra extremamente irregular e incapaz de se sustentar, soando apenas como um "caça Oscar" para Jennifer Aniston. Nota: 3/5

Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância) – Alejandro G. Iñarritu: Crítica completa aqui.

Rio, Eu Te Amo – 11 Diretores: É recheado de clichês e sem nada a acrescentar, apenas se salva do fracasso completo por um ou outro momento e pela ótima escolha de músicas. Nota: 2/5

O Homem Que Mudou o Jogo – Bennett Miller:  Não é um filme particularmente inesquecível, mas ainda assim é muito competente, principalmente ao explorar as fragilidades de seus personagens e se manter interessante mesmo para quem não entende ou não gosta de beisebol. Nota: 4/5

Gran Torino – Clint Eastwood: Possui um bom ritmo e uma boa direção, mas demonstra sérios problemas em seu desenvolvimento de personagens (o que é bem decepcionante, tendo em vista que este era justamente o ponto forte de filmes com Menina de Ouro e Sobre Meninos e Lobos, do mesmo diretor). Nota: 3/5

Procurando Nemo – Andrew Stanton e Lee Unkrich: Perfeito e incrivelmente criativo, como quase todos os filmes da Pixar. Nota: 5/5

Operação Big Hero – Chris Williams e Don Hall: Mesmo com alguns clichês, consegue ser criativo e extremamente divertido. Nota: 4/5

O Poderoso Chefão – Francis Ford Coppola: Absolutamente perfeito e irretocável, tanto em seu arco dramático, quanto na parte técnica (destaque para os temas compostos por Nino Rota, e o uso de cores no figurino para representar as características dos personagens). Nota: 5/5

Transamérica – Duncan Tucker: Em sua forma, é apenas um road movie previsível, mas em seu conteúdo, se mostra um filme único, com inúmeras questões interessantes para serem debatidas, além de trazer uma performance inesquecível de Felicity Huffman. Nota: 4/5

Os Incompreendidos – François Truffaut: Poético e sensível. Nota: 5/5

Boyhood – Richard Linklater: Acerta em não incluir sub-tramas para tentar "animar" a história, conseguindo assim criar uma narrativa única e inesquecível, que pode ser definida como perfeita. Nota: 5/5

Zoolander – Ben Stiller: A referência à 2001, somada à uns outros poucos momentos, acaba por valer o filme, que de modo geral possui uma trama desnecessariamente absurda, e falha em muitas de suas tentativas de fazer rir. Nota: 3/5

Tão Forte, Tão Perto – Stephen Daldry: Um amontoado de clichês coberto pelo mais insuportável melodrama. Nota: 2/5

A Teoria de Tudo – James Marsh: Crítica completa aqui.

Carros – John Lasseter: Mesmo não sendo tão perfeito no desenvolvimento de personagens como alguns outros da Pixar (destaque para Toy Story, Os Incríveis e Ratatouille), mas é tão criativo e cativante que é impossível não amar. Nota: 5/5

Ela – Spike Jonze: Já comentei sobre ele quando escrevi sobre os melhores filmes de 2014. Link aqui.

Segurando as Pontas – David Gordon Green: Deixa um pouco a desejar em suas piadas, mas acerta em não se levar a sério demais e deixar o exagero e o nonsense apenas para momentos pontuais, valorizando assim o valor cômico destes. Nota: 3/5

Adaptação – Spike Jonze: Mesmo com alguns probleminhas de ritmo, traz um roteiro extremamente impecável e original, além de excelentes atuações de todo o elenco. Nota: 4/5

Jackass: Caras de Pau – Jeff Tremaine: Sua estrutura picada faz com que os momentos sem graça passem rápido, mas também impede um ritmo muito fluido já que as partes engraçadas também não duram muito. Ainda assim, funciona para quem gosta desse tipo de humor, mesmo que seja difícil considerá-lo como filme. Nota: 3/5

Crime Delicado – Beto Brant: É um filme peculiar, com um ótimo roteiro e impressionantes atuações. Nota: 4/5

Parceiros da Noite – William Friedkin: Mesmo não trazendo nada de novo em sua trama, acaba se diferenciando pela direção e pelas atuações. Nota: 4/5

O Leitor – Stephen Daldry: Mesmo com um ou outro exagero, o filme consegue criar um drama interessante entre os personagens, além de trazer atuações impressionantes de todo o elenco, especialmente de Kate Winslet. Nota: 4/5

King Kong – Peter JacksonAcerta por brinca com seus clichês, soando mais como uma homenagem aos filmes da década de 30 do que como uma tentativa de modernizar a história clássica, que tem o seu forte justamente no fato de ser simples e fabulesca.
Além disso, traz um impressionante trabalho de efeitos visuais e um admirável uso do motion capture, que transforma Kong em um personagem com emoções ao invés de apenas um animal irracional. Nota: 4/5

Todos os Homens do Presidente – Alan J. Pakula: Mesmo um pouco esticado, retrata os fatos de uma maneira admiravelmente realista e imparcial, trazendo ainda uma direção cuidadosa e atuações marcantes. Nota: 4/5

Sinédoque, Nova York – Charlie Kaufman: É um filme admirável pela sua originalidade e sua visão melancólica, mas acaba faltando a ele aquele "algo a mais" que diferenciam tanto os outros roteiros de Charlie Kaufman: desde a peculiaridade de "Quero Ser John Malkovich", até a delicadeza de "Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças", ou a metalinguagem fascinante de "Adaptação", são coisas que faltam a "Sinédoque, Nova York". Nota: 4/5

Apenas o Fim – Matheus Souza: Um filme simples, mas que encanta por essa simplicidade e acerta ao não se preocupar com uma trama complexa ou muitos personagens, deixando o destaque para o talento dos atores e seu competente roteiro. Nota: 4/5

Selma – Uma Luta Pela Igualdade – Ava DuVernay : Acerta ao não retratar Martin Luther King como o único responsável pela luta da igualdade, além de trazer uma direção extremamente competente e atuações impecáveis. Nota: 5/5

Tangerinas – Zaza Urushadze: Filme maravilhoso, que traz interessantes reflexões sobre a guerra e a diferença entre povos, tudo isso em um roteiro simples e direto, com diversos momentos marcantes e uma belíssima trilha sonora. Nota: 5/5

O Palhaço – Selton Mello: É um filme competente, que cria uma narrativa original unindo muito bem uma visão lúdica com uma melancólica, além de trazer um ótimo roteiro, que acerta por não tentar ser mais do que realmente é, e excelentes atuações de todo o elenco. Nota: 4/5

Jersey Boys – Em Busca da Música – Clint Eastwood: O filme funciona em seus momentos mais "exagerados", soando muitas vezes como uma homenagem à banda e à época em que se passa a história, além disso, as boas atuações e o ótimo designe de produção, somados à sempre competente direção de Clint Eastwood, acabam por criar um clima interessante e empolgante. 
Mas infelizmente, o roteiro acaba pecando pelo excesso de personagens e sua incapacidade de criar dramas comovente entre eles, fazendo com que seus conflitos pessoais soem frios e apáticos, tornando a narrativa cansativa e bem mais longa do que o necessário. Nota: 3/5

O Destino de Júpiter – Andy e Lana Wachowski: É uma bobagem descartável e esquecível, porém muito divertida. Nota: 3/5

Trash – A Esperança Vem do Lixo – Stephen Daldry: É um filme ingênuo e até mesmo raso em sua crítica, mas ainda assim, consegue funcionar como aventura, trazendo um ritmo interessante e ótimas atuações de todo o elenco. Nota: 3/5

O Sétimo Selo – Ingmar Bergman: Filme complexo, alegórico e fascinante, daqueles que continuam a crescer na mente do espectador mesmo após o seu término, dando possibilidades de inúmeras interpretações e discussões. Nota: 5/5

Força Maior – Ruben Ostlund: É um bom filme, com um visual fascinante e interessantes questionamentos, porém não deixa de ser um pouco irregular e até mesmo decepcionante pelo seu ritmo desnecessariamente lento, e pelo fato de ser bem mais longo do que o necessário, fazendo com que cada bom momento seja sucedido por longos períodos entediantes, desperdiçando um enorme potencial. Nota: 3/5

Jackass Apresenta: Vovô Sem Vergonha – Jeff Tremaine: A "trama" em si é desinteressante e mal desenvolvida, porém os momentos envolvendo câmeras escondidas são extremamente engraçados e acabam por fazer valer o filme. Nota: 3/5

Código Desconhecido – Michael Haneke: É um filme complicado, mas instigante, que traz uma atmosfera desconfortável e uma visão crítica e pessimista da sociedade e da humanidade em si. Nota: 4/5

Heleno – José Henrique Fonseca: Possui uma estética impressionante (algo raro em produções brasileiras), além de um ótimo roteiro e uma atuação impecável de Rodrigo Santoro. Nota: 4/5

Millennium – Os Homens que Não Amavam as Mulheres – David Fincher: Filme excelente: a trama é instigante e cheia de reviravoltas, mas o que mais a diferencia é a maneira fria com que ela é contada, com uma atmosfera congelante e desconfortável, além de um ritmo empolgante e diversos momentos inesquecíveis. Nota: 5/5

Os Descendentes – Alexander Payne: É um filme agradável e divertido, porém sem nada a acrescentar e extremamente óbvio. Nota: 3/5

Kamchatka – Marcelo Piñeyro: Peca por mastigar demais suas mensagens e não deixar o espectador descobri-las por si mesmo, mas ainda assim, consegue encantar e emocionar pela sua sensibilidade e criar uma atmosfera melancólica e poética. Nota: 4/5

Meu Passado Me Condena: O Filme – Julia Rezende: Extremamente episódico, artificial, e previsível. Só se salva do fracasso total pelo talento de Fábio Porchat. Nota: 2/5

Poderosa Afrodite – Woody Allen: Mais um filme inesquecível de Woody Allen, com um senso de humor único em um roteiro impecável, e que traz ainda um dos finais mais irônicos e certeiros da carreira do diretor. Nota: 4/5

Oslo, 31 de Agosto – Joachim Trier: Se diferencia pela sua melancolia e suas reflexões sobre uma vida de arrependimento. Nota: 4/5

Lucia de B. – Paula van. der Oest: Traz um constante clima de suspense e uma trilha sonora que acerta por ser discreta, mas, infelizmente, o roteiro acaba perdendo a oportunidade de fazer um interessante estudo sobre o papel da mídia em casos polêmicos, e ao exagerar na vitimização de sua protagonista, acaba soando artificial e frustrante. Nota: 3/5

Cantando na Chuva – Gene Kelly e Stanley Donen: Traz, entre seus inúmeros méritos, uma bela e apaixonada homenagem ao Cinema. Nota: 5/5

Sniper Americano – Clint Eastwood: O filme erra em retratar e se referir à todos os iraquianos como selvagens e ignorar completamente os motivos da guerra, porém a parte técnica é excelente. A direção de Clint Eastwood é capaz de criar momentos de tensão quase insuportáveis, a montagem é extremamente feliz ao alternar os períodos de servidão de Chris Kyle com sua vida pessoal, sem deixar a narrativa perder a fluidez (mesmo que uns 15 minutos a menos faria bem ao filme), e a atuação de Bradley Cooper é extremamente dedicada e competente. Nota: 4/5

O Iluminado – Stanley Kubrick: Acredito que a complexidade e a ironia de "2001: Uma Odisseia no Espaço" ainda o torna o melhor trabalho de Kubrick, mas "O Iluminado" vêm logo atrás, e acaba sendo um pouco subestimado por ter uma premissa um pouco mais "genérica" dentro do gênero de terror, sendo que na realidade a trama têm muito mais a dizer do que parece superficialmente, além do filme possuir uma impecável construção de tensão, que não apela para sustos fáceis e acaba sendo muito mais aterrorizante justamente por conta disso. Nota: 5/5

Trapaceiros – Woody Allen: Seu primeiro ato é impecável e traz muitos momentos que entram facilmente entre os mais engraçados da carreira do Woody Allen.
Mas, infelizmente, o segundo e terceiro ato deixam muito a desejar no desenvolvimento da trama e até mesmo o senso de humor característico e divertido do diretor acaba ficando um pouco apagado, e o filme só vai se sustentando por um ou outro momento de humor físico. Nota: 3/5

O Homem-Urso – Werner Herzog: Um fascinante e complexo estudo de personagem. Nota: 5/5

Relatos Selvagens – Damián Szifron: Já comentei sobre ele em janeiro, link aqui.

Johnny e June – James Mangold: Crítica completa aqui.

Eles Voltam – Marcelo Lordello: Traz atuações dedicadas e uma ótima direção, mas possui um ritmo extremamente arrastado, que passa constantemente a sensação de um curta que foi erroneamente esticado para dar origem a um longa. Nota: 3/5

Zelig – Woody Allen: Os momentos protagonizados pro Woody Allen (especialmente os que mostram sua transformação física) são extremamente engraçados e únicos, porém constante uso da narração em off acaba dando à narrativa um ritmo um pouco mais lento do que o necessário, e a deixando levemente irregular, mesmo que em alguns momentos pontuais o roteiro surpreenda o espectador com piadas inesquecíveis - destaque para a brincadeira envolvendo Moby Dick, que é engraçada e orgânica.
Outra coisa interessante no filme é sua crítica a quem, especialmente na Arte, não possui uma própria personalidade, e apenas se adapta para ser melhor aceito no atual ambiente.
Poderia até ser um dos melhores do Woody Allen, se sua carreira não estivesse recheada de obras primas como Desconstruindo Harry, Match Point e Hannah e Suas Irmãs. Nota: 4/5

Era Uma Vez Em Nova York – James Gray: Crítica completa aqui.

A Marca da Maldade – Orson Welles: Merecidamente, um clássico! A trama é extremamente envolvente, e a maneira com que ela é contada é ainda mais fascinante: com uma fotografia incrível recheada de enormes sombras, e uma direção primorosa que cria momentos inesquecíveis e usa de maneira inteligente e precisa a impactante trilha sonora. Nota: 5/5

Serra Pelada – Heitor Dhalia: O roteiro deixa um pouco a desejar em seu desenvolvimento, mas as fortes atuações somadas à sempre competente direção de Heitor Dhalia acabam diferenciando o filme. Nota: 4/5

Jackass 2: O Filme – Jeff Tremaine: Bem mais sem graça do que o primeiro, com apenas alguns momentos pontuais um pouco mais divertidos, mas de modo geral, a estrutura picada acaba atrapalhando mais do que ajudando, impedindo que os momentos engraçados tenham o efeito necessário, e fazendo com que os sem-graças soem longos e cansativos. Nota: 2/5

Chinatown – Roman Polanski: O roteiro conduz de maneira exemplar a trama complexa, e a direção de Roman Polanski cria uma atmosfera extremamente tensa, com diversos momentos marcantes. Nota: 5/5

Locke – Steven Knight: A direção acerta por não soar repetitiva e o roteiro carrega o filme em um ritmo interessante com diálogos cuidadosos e inteligentes. Nota: 4/5

Whiplash – Em Busca da Perfeição – Damien Chazelle: Crítica completa aqui.

Viver é Fácil Com os Olhos Fechados – David Trueba: É um filme sensível, com um roteiro redondinho e uma belíssima trilha sonora. Nota: 4/5

Jackass 3 – Jeff Tremaine: Não é tão fraco quanto o segundo, mas também está bem abaixo do primeiro, trazendo apenas momentos engraçados pontuais (e apenas um digno de gargalhadas - o que se passa em uma loja de motos), além de longos períodos cansativos sem nada particularmente memorável. Nota: 2/5

Persona – Quando Duas Mulheres Pecam – Ingmar Bergman: São inegáveis os méritos narrativos do filme, especialmente sua fotografia e a maneira com que esta representa a "mistura" entre as duas mulheres. Mas devido ao fato de ser uma obra que visa levar a conclusões pessoais, acaba variando o efeito de pessoa para pessoa, e eu, particularmente, achei as reflexões do filme muito interessantes de serem debatidas, mas não sentidas. Nota: 3/5

Fahrenheit 11 de Setembro – Michael Moore: Dentre as inúmeras virtudes do filme, acho que a que mais se destaca é a capacidade irônica do Michael Moore, principalmente na escolha das músicas. Nota: 5/5

O Que Há, Tigresa? – Woody Allen: O tipo de filme para não se levar a sério, mas levando em consideração que o seu único objetivo é fazer rir, dá para considerá-lo muito bem sucedido. Nota: 4/5

Tiros na Broadway – Woody Allen: Traz o senso de humor único de Woody Allen, além de um terceiro ato que pode facilmente ser considerado como um dos mais precisos e bem-sucedidos de sua carreira. Nota: 4/5

A Noite Americana – François Truffaut: Extremamente preciso em todos os aspectos, e um dos melhores filmes sobre filmes que eu já vi. Nota: 4/5

Você Vai Conhecer o Homem dos Seus Sonhos – Woody Allen: Prova de que um Woody Allen no "automático" é o equivalente a inúmeros diretores no auge. Nota: 4/5


Ainda Orangotangos – Gustavo Spolidoro: Filme espetacular, tanto pelas suas situações extremas, quanto, principalmente, pela maneira com que elas são filmadas: em um único plano sequência de 80 minutos, que cria não apenas um visual incrível, como também uma tensão quase insuportável. Nota: 5/5

domingo, 8 de novembro de 2015

Crítica: Ponte dos Espiões, de Steven Spielberg

Steven Spielberg tem um talento inquestionável. Durante seus mais de 40 anos de carreira realizou vários trabalhos que podem facilmente ser considerados como “clássicos”, e influenciou boa parte da nova geração de cineastas, direta ou indiretamente. E por mais que alguns títulos recentes como “Cavalo de Guerra” e “Lincoln” se rendam ao exagero e se encontram comprometidos por um puro melodrama, é impossível não criar expectativas a cada anúncio de um novo filme seu.

Baseado em uma história real o roteiro de Matt Charman revisado pelos irmãos Coen acompanha o advogado James Donovan (Tom Hanks) em sua defesa de um agente soviético capturado, Rudolf Abel (Mark Rylance), e, posteriormente, sua tentativa de trocá-lo por um jovem piloto americano capturado em solo inimigo.

Já de cara é necessário aplaudir a imparcialidade política do filme, que não se rende ao patriotismo cego de muitos filmes americanos. Ao contrário de inúmeros títulos (tais como “Sniper Americano” e “O Franco Atirador”) que trazem os inimigos como pessoas excessivamente frias e inconsequentes, e americanos como heróis racionais e patrióticos, Ponte dos Espiões é um filme que não hesita em criticar a própria postura americana em época de guerra.



Em um determinado momento, por exemplo, vemos uma turma de crianças aterrorizadas sendo forçadas a assistirem a vídeos mostrando os estragos que os inimigos poderiam causar com suas bombas atômicas – ignorando que o próprio Estados Unidos havia destruído duas cidades cheias de inocentes com bombas idênticas alguns anos antes. Aliás, essa crítica à paranoia criada pela mídia está longe de ser algo exclusivo do passado, já que até alguns anos atrás o governo Bush utilizava da mesma estratégia para validar sua “guerra ao terror”.


Outro momento interessante e politicamente relevante no filme é quando vemos o americano preso pelos soviéticos sendo condenado a uma pena mais baixa do que o agente soviético havia sido nos EUA, e enquanto o tribunal americano é cheio de bagunça, com pessoas ameaçando e clamando pela pena de morte, o tribunal soviético é organizado e calmo.



É claro que o filme também não vira o jogo e mostra os soviéticos como o bem e os americanos como o mal (e nem deveria), já que o próprio americano preso na URSS é mostrado sendo impiedosamente maltratado na prisão. Mas o que o filme faz é mostrar que em uma guerra não importa os seus ideais, já que os dois lados serão capazes de atitudes desumanas. Neste quesito, Ponte dos Espiões se assemelha muito ao excelente Munique, de 2005 (talvez o melhor filme recente do Spielberg), que também fugia das generalizações, e não hesitava em criticar os horrores cometidos pelos dois lados do conflito.

Outro mérito do roteiro (e muito da direção também) é conseguir manter o espectador vidrado por mais de duas horas apenas pela força de sua trama e seus ágeis diálogos, sem nunca perder o ritmo ou apelar para cenas artificiais de ação gratuita.


Já seu senso de humor (muito provavelmente fruto da revisão dos excepcionais irmãos Coen), que é ao mesmo tempo discreto e exagerado, às vezes soa um pouco esquisito, ficando um pouco dissonante com seu drama, mas aos poucos isso também acha seu lugar, e o filme consegue criar momentos onde um risinho de canto de boca vem ao espectador de maneira espontânea e bem-vinda (destaque para as cenas envolvendo a família do agente soviético e outra envolvendo um aperto de mão).


Em relação à direção, Spielberg conduz o filme com uma segurança invejável, sem chamar demais a atenção para si. O fato de o filme ser melodramático não é novidade, já que o diretor parece nunca abrir mão de sua capacidade de criar momentos propícios a lágrimas. A grande questão é se este recurso funciona ou não, já que se utilizado em exagero acaba comprometendo o impacto da cena. Por exemplo: a cena das pedras no final de “A Lista de Schindler” é indiscutivelmente melodramática, mas é também bem dosada e funciona para fazer o espectador ir para os créditos emocionado; já o último ato de “Inteligência Artificial”, ou todas as partes de “Cavalo de Guerra”, servem como exemplos de um melodrama mal utilizado que compromete o impacto dos acontecimentos pela sua artificialidade.

Neste seu novo filme, seu melodrama ultrapassa um pouco o limite aqui e ali (como na rima visual envolvendo pessoas pulando um muro em diferentes lugares do mundo), mas de modo geral se mostra bem contido e não chega a atrapalha o resultado final, o que acaba sendo um grande alívio para qualquer fã do diretor.


Já as atuações são completamente impecáveis. Tom Hanks mostra que sempre consegue surpreender e protagoniza o filme de maneira perfeita, e confesso que não consigo pensar em nenhum ator que faria este papel tão bem quanto ele. Já Mark Rylance (o soviético capturado) surge como a grande surpresa do elenco, criando um personagem que conquista a admiração do espectador mesmo que este acredite que ele se encontre do “lado errado” (vide alguns parágrafos acima) da guerra.


A fotografia de Janusz Kaminski (parceiro de longa data de Spielberg) é linda (destaque para as cenas passadas na gelada Berlim) e a reconstrução de época é cuidadosa e competente, e deve garantir ao filme uma indicação aos óscares de melhor figurino e designe de produção.


Se encerrando com um letreiro que resume o resto da vida dos personagens principais (um recurso clichê que já foi usado milhões de outras vezes, mas que se bem dosado - como é o caso – funciona muito bem), Ponte dos Espiões é desde já um forte candidato para a temporada de premiações do final do ano, e, mais do que isso, é um trabalho admirável daquele que é um dos maiores diretores de cinema de todos os tempos.

Muito Bom!
João Vitor, 7 de Novembro de 2015.