terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Resenha: Uma Nova Esperança (livro), de George Lucas

Uma Nova Esperança

Desnecessário, porém agradável


Como fã de Star Wars, principalmente da trilogia original, me interessei por “Star Wars: A Trilogia” (livro) desde o seu lançamento. E ao chegar ao fim do primeiro volume (“Uma Nova Esperança”, de George Lucas – o criador da história e diretor de 4 dos 6 filmes) fico com a impressão de que a decisão de levar a obra  cinematográfica para a literatura foi unicamente comercial, desperdiçando assim a chance de expandir seu fascinante universo, ainda que consiga agradar seu público alvo: os fãs.


A sensação que tive ao ler o livro foi que estava lendo uma versão mais detalhada do roteiro do filme. Sem trazer quase nada de novo, George Lucas se limita a reproduzir todas as cenas, que já estão marcadas na memória dos fãs, exatamente como elas foram feitas originalmente no cinema, e durante suas descrições perde a oportunidade de trazer aquilo que sempre diferenciam as obras literárias das cinematográficas: detalhes e curiosidades sobre aquele universo que, como os próprios filmes mostram, é incrível. A única exceção é quando fala sobre os povos que habitavam o local onde no momento se encontravam as tropas rebeldes, e quando explica porque há enormes abismos em instalações espaciais.

George Lucas
Mesmo seguindo à risca todos os passos do filme, Lucas ainda demonstra um medo quase infantil de ser incompreendido, algo que fica claro nos seguintes trechos: Pag. 134: “Depois do que lhes pareceu horas, mas na verdade foram apenas minutos, a porta se abriu (...)” (Qual é a necessidade de se informar que na verdade foram apenas alguns minutos? O contexto e o termo “pareceu” já não deixam isso claro? Leia de novo ignorando esse pedaço e veja se não faz sentido.) Pag. 136: “A cela 2.187, aparentemente, não existia. Só que ela existia sim e ele a encontrou quando(...)” (Para quê afirmar “ela existia sim”? Ao dizer que ele a encontrou isso já fica claro. Leia o trecho dessa forma: “A cela 2.187, aparentemente não existia, porém ele a encontrou quando...”. Não faz mais sentido?). Detalhes assim acabam demonstrando a inexperiência do autor no que se refere a livros, e acaba deixando a linguagem mais infantil e tola.

Outro ponto que demonstra sua inexperiência e atrapalha a leitura é sua mania de variar o ponto de vista no meio de um acontecimento. Isso até funciona em alguns momentos (seria impossível entender por completo o clímax, por exemplo, se ele fosse narrado todo de um único ponto de vista), mas em outros é desastroso e desagradável, como na cena inicial, onde Lucas parece ter pressa em mostrar logo todos os personagens e acaba deixando os acontecimentos sem foco algum, indo de um lado para o outro sem necessidade alguma.

Dito isso, é necessário elogiar como, apesar dos vários erros, o livro nunca se torna desagradável de se ler, e por mais que soe desnecessário, diverte o suficiente para não parecer uma perda de tempo. O toque a mais de violência também foi um acerto do autor, que se beneficiando das vantagens proporcionadas pela escrita, aproveita para deixar as cenas de batalhas mais reais, colocando descrições de “crânios despedaçados com metal derretido” que certamente não encaixariam no filme, pois ler algo tende a ser menos chocante do que ver.

Outra coisa que funciona é Darth Vader, que apesar de aparecer pouco, é o único personagem que se sustenta independente dos filmes, já que suas aparições são sempre tensas e conseguem transmitir muito bem a imponência necessária para qualquer bom vilão.

A edição da editora DarkSide é de capa dura e belíssima, e mesmo que traga alguns erros de revisão e excesso de expressões como “na mosca”, ainda assim garante uma leitura agradável e é um prato cheio para qualquer colecionador.

De modo geral, “Uma Nova Esperança” é desnecessário, porém agradável, e apesar de não trazer nada de novo e ser repleto de erros, garante uma boa diversão principalmente para quem é fã, mesmo que reassistir ao filme seja mais interessante.


O.K
João Vitor, 16 de Dezembro de 2014



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