sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Crítica: Sinais, de M. Night Shyamalan


Sinais

Decepcionante, mas ainda um ótimo filme


Sinais é um filme interessante: ao mesmo tempo em que é uma experiência intensa e bem realizada, fica extremamente mais fraco depois de seu fim, ao ser submetido a um simples questionamento. O que é ainda mais triste levando em consideração que os últimos dois trabalhos de Night Shyamalan (Sexto Sentido e Corpo Fechado), tinham seu principal forte em sua capacidade de ir melhorando ainda mais a cada vez em que o espectador os relembrasse e questionasse.


A trama gira em torno de uma família de um pai solteiro (Mel Gibson), que vem tentando, com a ajuda de seu irmão mais novo (Joaquin Phoenix), superar a morte de sua esposa, ao mesmo tempo em que possui uma relação distante com os filhos (Rory Culkin e Abigail Breslin). E após ser surpreendido por um enorme “desenho” em suas plantações, uma série de eventos supostamente envolvendo alienígenas começam a acontecer em todo o mundo.


O filme possui muitas qualidades, sendo a maior delas a capacidade e a maturidade de Shyamalan em prezar muito mais por uma boa construção de suspense do que apelar para sustos fáceis, deixando assim a experiência muito mais intensa e interessante. A trilha sonora feita por James Newton Howard (que também havia trabalho com o diretor em seus últimos filmes) também é perfeita, mantendo um constante clima de tensão e não apelando para barulhos ensurdecedores para dar sustos.


M. Night Shyamalan

O roteiro, escrito pelo próprio Shyamalan, é no mínimo irregular. Ao mesmo tempo em que acerta ao ser extremamente intimista, estabelecendo personagens complexos (destaque para a relação do protagonista com os filhos), erra ao deixar furos na trama e, principalmente, ao tentar adicionar questões de fé, e com isso deixando o terceiro ato extremamente decepcionante, e o desfecho “fácil” demais.

Mel Gibson
As atuações são impecáveis e merecem destaque. Mel Gibson conduz o filme de maneira tocante, fazendo com que os conflitos de seu personagem sejam compartilhados pelo espectador. Joaquin Phoenix transmite uma honestidade que torna impossível para o espectador não se importar com ele. E os jovens Rory Culkin e Abigail Breslin, surgem como enormes surpresas, convencendo como poucos em suas ingenuidades.


O saldo final de Sinais é, sem dúvidas, positivo. Trata-se de um filme competente, que preza pelo bom suspense e não sacrifica bons personagens em troca de cenas de ação, além de ser inesperadamente intimista e trazer atuações excelentes. Por mais que esteja bem abaixo dos últimos trabalhos de Night Shyamalan, e não se sustentar muito após um questionamento, ainda é um filme diferenciado e que merece ser conferido.
Muito Bom!


João Vitor, 2 de Janeiro de 2015.

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