quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Lista: Filmes Vistos em Janeiro - Parte 2

A lista a seguir reúne a segunda parte dos filmes que eu vi durante o mês de Janeiro, com um breve comentário sobre cada um deles, além de uma nota de 1 a 5 para cada um.
(Para ver a Parte 1 clique aqui, e para ver o Top 10 com os melhores filmes entre todo o mês clique aqui.)


Leonera – Pablo Trapero: O ritmo lento da narrativa torna o filme um pouco mais cansativo do que deveria, mas ainda assim, as fortes atuações, o excelente roteiro, e a direção marcante, o tornam, no mínimo, diferenciado. Nota: 4/5 
Sociedade dos Poetas Mortos – Peter Weir: É um filme emocionante, com questões interessantes, uma direção competente e ótimas atuações. Nota: 5/5
Violência Gratuita (2007) – Michael Haneke: Comparando com o original (o que é inevitável, levando em consideração que é quase idêntico), o filme acaba perdendo um pouco do elemento surpresa que fortalecia o antecessor, mas permite aproveitar detalhes que passam despercebidos da primeira vez, mostrando que a obra original não era tão experimental quanto parecia, além de ganhar também com a impressionante atuação de Naomi Watts e fazer algumas brincadeira com palavras que apenas o Inglês permite (por exemplo: - "How many do you need?" - "Four" - "Four? What for?" - "Excuse me?"). Nota: 5/5
O Concurso – Pedro Vasconcelos: Tudo no filme é absolutamente ruim: os personagens são caricatos e sem graça, sua estrutura é extremamente problemática e não faz nenhum sentido, e o roteiro não consegue criar nenhuma piada no mínimo razoável, conseguindo a proeza de deixar até Fábio Porchat apático. Nota: 1/5 
Barry Lyndon – Stanley Kubrick: Mais do que um estudo de personagem é um fascinante estudo de época, que destrincha o que até então era a sociedade, além de possuir uma impressionante fotografia e uma trilha sonora extremamente marcante. Nota: 5/5 
Gonzaga – De Pai para Filho – Breno Silveira: A direção tem seus momentos inspirados (destaque para o reencontro entre Gonzaga e seu pai, quando o rosto do protagonista emerge das sombras enquanto o outro vai se lembrando dele, e o momento em que o sol nascente surge entre Gonzaga e Gonzaguinha durante a reconciliação entre eles), e as cenas de músicas são extremamente bem realizadas, assim como toda a trilha sonora instrumental.
As atuações também são dedicadas e funcionam, porém o roteiro deixa bastante a desejar, se rendendo a diversos clichês e criando várias relações superficiais (o primeiro amor de Gonzaga, por exemplo, parece tão importante no início apenas para depois não exercer função narrativa nenhuma, enquanto o relacionamento dele com sua segunda esposa é extremamente rápido e não convincente).
De modo geral, se destaca de biografias como as de Cazuza, Tim Maia e Paulo Coelho, mas está longe de ser tão competente quanto 2 Filhos de Francisco, do mesmo diretor. Nota: 3/5
Bicho de Sete Cabeças – Laís Bodanzky: A direção de Laís Bodanzky, com a câmera sempre na mão, mantém um constante clima de tensão e desconforto, as músicas de Arnaldo Antunes são perfeitas e bem dosadas, e toda a parte do som é muito bem feita, fazendo com que cada barulho do hospital soe opressor. Além disso, possui uma fotografia suja e granulada que aumenta o estranhamento da narrativa, e atuações extremamente memoráveis (principalmente de Rodrigo Santoro e Othon Bastos). Nota: 5/5 
A Fita Branca – Michael Haneke: Trata-se de um filme ousado, complexo, com uma atmosfera opressora muito bem retratada pela fotografia em preto e branco, e que traz inúmera possibilidades de discussões sobre maldade e totalitarismo.
Porém, sou obrigado a dar uma nota mais baixa do que os outros trabalhos do Michael Haneke, pois este é um filme para ser admirado e discutido, porém não causa a mesma identificação de outras tramas concebidas pelo cineasta: por exemplo: em Caché - como não imaginar o que você faria se recebesse gravações suas? Em Violência Gratuita - como não se colocar no lugar do casal que se vê preso por psicopatas? Em Amor - como não imaginar como agir ao ver sua esposa cada vez mais debilitada?
E, infelizmente, A Fita Branca não causa esse tipo de questionamento e identificação, o que acaba enfraquecendo um pouco a obra como experiência cinematográfica, mesmo que ainda seja um fascinante - e pessimista - estudo sobre a natureza humana. Nota: 4/5 
Foxcatcher – Uma História que Chocou o Mundo – Bennett Miller: É um filme ótimo e extremamente marcante, que traz um bom roteiro, uma excelente direção, e um trabalho de som impecável, que utiliza de maneira exemplar os sons diegéticos para evocar sensações sem precisar apelar para uma trilha instrumental mais óbvia.
Mas, ainda assim, o filme não teria o mesmo impacto se não fosse pelas impressionantes atuações - sem exceção, mas destaque para Steve Carell que, com a ajuda da excelente maquiagem, se transforma em uma figura curiosa, mas que apenas com seu talento de ator se torna plausível e, acima de tudo, marcante.     Nota: 4/5
O Quarto do Filho – Nanni Moretti: É um filme emocionante e extremamente sensível, que traz atuações sensacionais e um interessante jogo de cores: o vermelho, como mostrado até mesmo no poster, simboliza o filho, pois é a cor de sua roupa quando é visto pela última vez vivo pela família, e após a sua morte a cor é usada para representar a sua constante presença no cotidiano dos outros personagens, principalmente no do pai, seja na roupa de um paciente, na cabeceira da cama, ou em livros na estante, e isso demostra um trabalho muito cuidadoso de Nanni Moretti e sua equipe, que conseguem fazer de uma história relativamente simples, um grande filme. Nota: 5/5 
A Árvore da Vida – Terrence Malick: É uma experiencia única, com inúmeras imagens inesquecíveis, mas que depende muito do próprio espectador.
Se você tentar encará-lo de maneira literal e buscar sentido para tudo o que vê, o filme vai se revelar frustante, porém se se deixar levar pela emoção e buscar suas próprias reflexões, a obra se mostrará, no mínimo, interessante.
Não é para todos, mas se tiver paciência vale a pena tentar. Nota: 4/5 
Biutiful – Alejandro González Iñarritu: O roteiro deixa a desejar e se estende mais do que o necessário, tornando o filme um pouco cansativo. Porém, a sempre excelente trilha de Gustavo Santaolalla, a ótima direção de Iñárritu, e a atuação dedicada e marcante de Javier Bardem, acabam por sustentar o filme e fazer dele uma obra diferenciada. Nota: 4/5
Casablanca – Michael Curtiz: Filme irretocável, perfeito em todos os sentidos, trazendo ainda inúmeras passagens memoráveis, desde o "We'll always have Paris" até o "I think this is the beginning of a beautiful friendship", o roteiro é recheado de momentos incríveis que entraram merecidamente na história do Cinema. Nota: 5/5 
Aura – Fabiàn Bielinsky: A direção tem seus momentos inspirados e as atuações são muito boas, porém o roteiro, mesmo com boas ideias, peca pelo excesso de exposição e acaba sendo muito óbvio, além de arrastado. Nota: 3/5 
O Escafandro e a Borboleta – Julian Schnabel : Filme excepcional, com um excelente roteiro, uma belíssima fotografia, e uma direção primorosa que usa de maneira inteligentíssima a câmera subjetiva, tornando a experiência ainda mais marcante. Nota: 5/5
Cinema, Aspirinas e Urubus – Marcelo Gomes: É um filme simples, mas competente, que traz excelentes atuações e acerta por apostar mais nos personagens do que na trama. Nota: 4/5
É o Fim – Evan Goldberg e Seth Rogen: O filme até certo ponto é muito engraçado e só peca ao incluir demasiados conflitos descartáveis que são logo resolvidos (como aquele envolvendo a Emma Watson, por exemplo), mas já em sua reta final opta por apostar no exagero e no nonsense e acaba decepcionando e ficando sem graça, deixando assim o resultado final extremamente irregular e um desperdício de potencial. Nota: 3/5
Dançando no Escuro – Lars von Trier: Um filme excelente, que traz atuações impecáveis, impressiona pelo seu pessimismo e, acima de tudo, é extremamente marcante. Nota: 5/5
Livre – Jean-Marc Vallée: É um filme com poucos defeitos, mas poucas qualidades também: possui uma boa direção, atuações competentes e uma ótima escolha de trilha sonora, mas erra muito no roteiro, que é esticado e melodramático. 
De modo geral, oferece uma diversão moderada enquanto dura, mas é facilmente esquecido pouco depois. Nota: 3/5 
O Grande Hotel Budapeste – Wes Anderson: Traz divertidas brincadeiras entre Cinema e Literatura, atuações marcantes, e um senso de humor invejável, além de ser um prato cheio para quem gosta de uma direção única e um visual extremamente criativo. Nota: 5/5
2001: Uma Odisseia no Espaço – Stanley Kubrick: Sem dúvidas, um dos melhores filmes de todos os tempos, não só pela influência que teve e tem até hoje, como, principalmente, pela sua ambição e coragem de discutir de maneira tão peculiar um tema tão complexo: evolução. 
Isso sem contar o brilhantismo do jogo de câmeras, a escolha de músicas, e os efeitos visuais, que funcionam perfeitamente e são usados de maneira orgânica, servindo à narrativa ao invés de só chamar a atenção. Nota: 5/5
Birdman – Alejandro González Iñarritu: Possui uma direção fantástica que, ao simular um único e enorme plano sequência durante todo o filme, não apenas cria uma ilusão fascinante para quem aprecia um bom Cinema, como também consegue ser relevante tematicamente, já que acaba lembrando a estrutura de uma peça de teatro.
Além disso, traz atuações impecáveis (o que é inevitável quando se tem nomes como Edward Norton e Naomi Watts no elenco), e um roteiro admirável, tanto pelo drama de seus personagens quanto pelo seu lado crítico e irônico.
De modo geral, é uma obra única, que merece não só ser vista e apreciada como, principalmente, questionada e discutida - e filmes assim são sempre os melhores. Nota: 5/5
Um Santo Vizinho – Theodore Melfi: Não consegue comover com seu excessivo melodrama e tampouco fazer rir pelas suas fracas piadas. 
Como um todo, é um filme extremamente irregular, que começa como comédia e termina como drama, falhando em ambas as tentativas, e só se salva do fracasso total pelo talento de seus atores (Bill Murray, mesmo prejudicado pelo fraco roteiro, consegue inserir carisma em seu personagem; Jaeden Lieberher surge como uma grande revelação e é o que mais chama a atenção no filme; Melissa McCarthy é a unica que consegue acrescentar carga dramática em sua personagem; e Naomi Watts, uma das minha atrizes favoritas, consegue estar muito bem mesmo interpretando uma caricatura pura). Nota: 2/5 
Lincoln – Steven Spielberg: Extremamente chato e arrastado, conseguindo transformar até mesmo Abraham Lincoln em uma figura aborrecida, ao tratá-lo como Mito ao invés de explorar seu lado humano. Além disso, o senso de humor do filme chega a ser vergonhoso e a obra acaba tendo como único ponto positivo sua ótima reconstrução de época e suas fortes interpretações - principalmente de Daniel Day-Lewis, que faz o que pode para sustentar o filme, mas não impede que seus 150 minutos pareçam inacabáveis. Nota 2/5 
Leviatã – Andrei Zvyagintsev: Um filme extremamente competente e impactante. A direção de Andrei Zvyagintsev acerta por ser excelente, mas discreta, deixando o destaque por conta do ótimo roteiro e as fortes interpretações. E além de bons personagens e um intenso drama, a obra ainda faz fortes críticas à corrupção e ao poder, trazendo interessantes questões que merecem ser discutidas. 
Sem dúvidas, um forte candidato ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Nota: 5/5 
Questão de Tempo – Richard Curtis: É um filme delicado e competente com um roteiro que, mesmo tendo um ou outro furo (o que é quase inevitável quando se trata de viagem no tempo), é extremamente feliz em não apelar pala melodramas ou lições de moral e sim se preocupar em estabelecer personagem com os quais realmente nos importamos, tudo isso em um ritmo leve e agradável que tornam a experiência diferenciada e prazerosa. Nota: 4/5 
Caminhos da Floresta – Rob Marshall: Possui um visual interessante (mesmo que prejudicado pelo fato de o filme se passar quase todo a noite e no meio de florestas), além de músicas competentes, e boas atuações. 
Porém o roteiro deixa muito a desejar, principalmente pelo fato de se estender por meia hora após o término da história principal em uma sub-trama chata e cansativa, fazendo com que a maior emoção que o filme acabe por trazer é o alívio da chegada dos créditos finais. Nota: 3/5
Invencível – Angelina Jolie: O roteiro erra por exagerar em clichês e caricaturas, tanto nos "japoneses malvados" quanto no "herói inigualável", além de ser arrastado e bem mais cansativo do que deveria, principalmente em seu ato final.
Ainda assim, Angelina Jolie e sua equipe conseguem construir várias cenas memoráveis (destaque para a batalha de aviões que abre a narrativa e que não é nada menos do que sensacional), e isso somado à força da história real acabam por salvar o filme e fazer valer a experiência, mesmo que esta se mostre esquecível logo depois. Nota: 3/5
Spartacus – Stanley Kubrick: Traz um arco dramático perfeito, uma reconstrução de época cuidadosa e impressionante, e mesmo que seja um pouco menos ambicioso do que os outros filmes de Kubrick (o que é compreensível, já que nesta obra ele cuidou apenas da direção) não deixa de ter o altíssimo nível de competência dos outros projetos. Nota: 5/5 

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