segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Lista: Filmes Vistos em Setembro

A lista a seguir reúne os filmes que eu vi durante o mês de Setembro, com um breve comentário sobre cada um deles, além de uma nota de 1 a 5 para cada um.

O Senhor dos Ladrões – Richard Claus: Bem fraquinho. Fiquei com a impressão de que o livro talvez possa ser interessante, pois aqui e ali tem uma ideia bacaninha, mas os personagens não funcionam, e a tentativa de criar uma atmosfera de conto de fada resulta em completo fracasso. Nota: 2/5

O Ilusionista – Neil Burger: Bem lugar comum e esquecível, ainda que algumas boas ideias o salvem do fracasso. Nota: 3/5

Metrópolis – Fritz Lang: Que filme! Não é a toa é um clássico. Traz uma crítica social que se mantém atual até hoje e um cuidado estético invejável (mesmo hoje, com os efeitos visuais, seria difícil criar um designe tão inventivo e competente). Nota: 5/5

O Mensageiro do Diabo – Charles Laughton: Filme excelente! Poucas vezes vi um filme com tantos quadros dignos de se pendurar na parede. A única coisa que pesa um pouco contra é o final, que mesmo não sendo ruim, soa meio brusco e um pouco decepcionante. Nota: 5/5

Marley e Eu – David Frankel: Só eu que acho que as pessoas tendem a subestimar este filme? Sempre vejo todos comentando sobre como o Marley é engraçado e como choraram no final, mas acho que poucos percebem o cuidadoso estudo de personagem que tem ali. 
O filme é sobre o período da vida do John que ele passou com o Marley, mas o foco do roteiro está completamente no homem, não no cão. A história é sobre o medo da maturidade, da necessidade de ter uma família, da dor ao perceber a vida passando sem você realizar seus sonhos, sobre a mediocridade, e, é claro, sobre como um cachorro marca a vida de alguém.
E, obviamente, o final é de se soluçar, mas o que vinha até ali não deve ser esquecido, pois não deixa nada a desejar. Nota: 4/5

Trovão Tropical – Ben Stiller: Particularmente, não sou muito fã do Ben Stiller como diretor. O Pentelho e Zoolander são filmes que considero extremamente sem graça e tolos. Sendo assim, me surpreendi muito ao me divertir horrores com este "Trovão Tropical". 
Não é um grande filme, mas consegue não se levar a sério, fazendo diversas piadas com hollywood e consigo mesmo, além de várias referências à clássicos filmes de guerra. 
Acho que, como um todo, Trovão Tropical é o que Zoolander tentou, mas não conseguiu ser: uma sátira engraçada, e só. Nota: 3/5

Alien 3 – David Fincher: Não acho que chegue a ser ruim, mas é indiscutivelmente inferior ao dois primeiros. Se eu tivesse assistido ao filme na época de seu lançamento, jamais diria que o David Fincher viria a dirigir pelo menos umas 4 obras-primas, mas tampouco o classificaria com um diretor sem futuro, pois aqui e ali ele demonstra um talento admirável para criar tensão, ainda que seja constantemente atrapalhado pelo roteiro e pelas óbvias interferências da produção (principalmente no que diz respeito ao Alien em si). Nota: 3/5

Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 1 – David Yates: Acredito que este seja, junto com o terceiro e o sexto volume, o filme mais interessante e rico da série Harry Potter. 
É particularmente interessante o clima de melancolia e tristeza que permeiam toda a projeção, e criam um interessante contraste com o clima de magia e deslumbramento que marcavam as primeiras histórias.
A fotografia toda dessaturada também é sensacional, aliás, esteticamente este é disparado o melhor filme da saga, e o roteiro acerta por encerrar de maneira coerente com o restante da narrativa: em uma nota melancólica e triste, que leva o espectador aos créditos com lágrimas nos olhos. Nota: 5/5

Melancolia – Lars Von Trier: Assim como em Anticristo, Lars von Trier demonstra mias uma vez que seu senso estético como diretor nunca esteve melhor, mas ao contrário do que acontecia em seu filme anterior, aqui ele parece não ter uma história tão interessante assim para contar, e ainda que o filme tenha uma estética de tirar o fôlego, a narrativa me soou vazia e desinteressante. Nota: 3/5

Uma História Real – David Lynch: Que filme lindo! Honesto e emocionante até seus segundos finais. Nota: 5/5

Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 2 – David Yates: Mais um filme muito bom da série Harry Potter, mas é impossível não se frustar tendo em vista que os dois volumes anteriores tinham alcançado um nível de qualidade tão alto. 
A decisão de dividir o último livro em dois não parecia atrapalhar a parte 1, mas definitivamente atrapalhou esta parte 2.
Alguns detalhes da trama ficam meio vagos para aqueles que não leram os livros (é particularmente decepcionante a decisão de não incluir o flashback sobre a história do Dumbledore, tendo em vista que assim a aparição de seu irmão é completamente em vão), e o roteiro enfrenta um claro problema de estrutura: basicamente, o filme todo é um clímax, o que acaba tirando o impacto das partes que deveriam ser as mais marcantes de toda a série, fazendo-as soarem apenas O.K.
Enfim, como um todo, o filme vale muito a pena, e o David Yates demonstra saber o que está fazendo desde o início, mas ainda assim não tem como dar uma lamentada, pois a série poderia ter terminado de uma maneira um pouquinho mais satisfatória. Nota: 4/5

Sede de Sangue – Chan-wook Park: Acho que dentre os que eu vi, este seja o filme mais fraco do Park Chan-wook. 
Está longe de ser ruim, muito pelo contrário, traz momentos marcantes (destaque para o final) e composições de quadros que são de tirar o fôlego. Mas também acho que, esteticamente, o filme se prejudica por se passar quase todo a noite, e sua duração também é um pouco maior do que o necessário. 
Enfim, ainda assim é um filme diferente que merece ser visto. Nota: 4/5

Encontros e Desencontros – Sofia Coppola: Lembro de ter visto esse filme há algum tempo atrás e não ter achado grande coisa. 
Mas revendo agora, foi impossível não favoritar. Virou um daqueles que vai melhorando a cada vez que eu penso sobre ele.
Bill Murray e Scarlett Johansson oferecem as que são, muito provavelmente, as melhores performances de suas carreiras. Enquanto ele surge como um homem amargurado que prefere não incomodar os outros com seus próprios problemas, ela está apaixonante, frágil, perdida.
Enfim, é difícil falar sobre "Encontro e Desencontros" em palavras. Acredito que seja um filme sobre a definição de sentimentos que não dá para definir.
Ah, sim, e o final é um espetáculo à parte. Nota: 5/5

Obrigado Por Fumar – Jason Reitman: Os diálogos são ágeis e o filme sempre demonstra saber o que quer, mas não deixa de ser um pouco vazio e falhar em suas tentativas de sátira. Nota: 3/5

Scarface, a Vergonha de uma Nação – Howard Hawks e Richard Rosson: Merecidamente, um clássico! Assim como a refilmagem do Brian De Palma, um filme irretocável, ambos funcionam como um excelente estudo de personagem ao mesmo tempo em que trazem um interessante comentário sobre suas respectivas épocas. Nota: 5/5

Monty Python em Busca do Cálice Sagrado – Terry Gilliam e Terry Jones: Não achei uma obra prima, mas é extremamente original, com um senso de humor muito bem afinado e recheados de momentos hilários. Nota: 4/5

General – Buster Keaton e Clyde Bruckman: Filme excelente! Apesar de alguns probleminha de ritmo, a narrativa flui com um ótimo senso de humor e inúmeras situações inusitadas. Nota: 5/5

O Riso dos Outros – Pedro Arantes: Tem alguns interessantes pontos de vista, mas todos seus créditos se devem a seus entrevistados, já que sua estrutura não faz sentido algum. Nota: 3/5

O Lobisomem – Joe Johnston: Funciona relativamente bem como um filme de terror, mas o roteiro é extremamente fraco, com diálogos vergonhosos e personagens mal aproveitados. Nota: 3/5

Vermelho Como o Céu – Cristiano Bortone: A história que o filme tem para contar é bacana, mas ele não se preocupa em contá-la de uma maneira sequer interessante. Nota: 3/5

Half Nelson: Encurralados – Ryan Fleck: A direção é interessante e as atuações também, mas achei que o roteiro deixa bastante a desejar no desenvolvimento dos personagens, que poderiam ter sido melhor aproveitados. Nota: 3/5

As Virgens Suicidas – Sofia Coppola: Gostei bastante. É admirável como a Sofia Coppola desde o início da carreira demonstrou ter total noção do que queria, e é justamente essa forte personalidade que é a principal força do filme: a trilha sonora, a estrutura narrativa que lembra um pouco uma música, tudo contribui para gerar uma narrativa única e muito interessante. Nota: 4/5

Mississipi em Chamas – Alan Parker: Em alguns momento a estética lembra um pouco a de "Coração Satânico", o que enriquece bastante a experiência, mas a trama em si é bem sem graça, e ainda que bem conduzida, não se justifica. Nota: 3/5

Minha Mãe – Nanni Moretti: Gostei bastante. Achei bem delicado e recheado de discussões metalinguísticas. 
Sem contar que os segundos finais estão entre os mais bonitos que eu já vi. Nota: 4/5

Que Horas Ela Volta – Anna Muylaert: 

Z for Zachariah – Craig Zobel: O filme tem potencial, mas não vai a lugar algum. O drama dos personagens é frágil e a trama, ainda que se encerre de maneira interessante, não traz nada de novo a um universo apocalíptico que já foi explorado por milhões de outras obras. Nota: 3/5

XXY – Lucía Puenzo: Apesar de algumas falhas, como a imprecisão da abordagem do roteiro, curti bastante o filme, que tem um drama sensível e se beneficia muito de suas linda locações e o talento de seus atores. Nota: 3/5

As Horas – Stephen Daldry: Já é a segunda vez que eu vejo esse filme, e mais uma vez não o achei grande coisa, como muito dizem. As rimas visuais criadas entres os três tempos da trama são muito interessantes, as atuações são impecáveis e o final reserva uma grata surpresa, mas o drama deixa um pouco a desejar, soando um pouco monótono. Nota? 3/5

Primer – Shane Carruth: Quando terminei de assistir, só conseguia pensar: "meu deus, que filme complicado". Mas isso não é necessariamente uma coisa ruim tendo em vista a proposta do roteiro, mas com certeza pode frustrar algumas pessoas. 
É admirável também que esse filme tenha sido feito com um orçamento tão baixo, provando mais uma vez que tudo o que é necessário para se fazer um bom trabalho é ter uma boa história para contar e saber como contá-la, e nisso Shane Carruth não decepciona. Nota: 4/5

Corrente do Mal – David Robert Mitchell: Adorei o filme. O diretor demonstra ter o total controle da narrativa, com uma enorme facilidade para criar tensão e momentos aterrorizantes, além disso, a premissa curiosa é explorada ao máximo, com vários momentos de um senso de humor muito eficiente e discreto. 
Em relação ao final, confesso que a minha primeira reação foi de leve frustração, mas se for parar pra pensar, ele é coerente e não consigo imaginar uma maneira melhor de encerrar a história.
Não acho que seja um filme para todo mundo mundo. Se você não estiver disposto a aceitar a proposta do filme e mergulhar nela, talvez ele te pareça raso, mas não foi o que aconteceu comigo. Nota: 4/5

Ginger e Rosa – Sally Potter: Achei o filme insuportável. Ainda que de certa forma se encaixe bem no período histórico em que se passa, os personagens me pareceram desinteressantes e a narrativa extremamente cansativa, apesar da curta duração. Nota: 2/5

O Terceiro Homem – Carol Reed: Filmaço! Além de trazer inúmeras imagens inesquecíveis, a trama ainda é envolvente e fascinante, envolvendo o espectador do primeiro até o último segundo. E por falar nisso, que plano final espetacular! Nota: 5/5

Durval Discos – Anna Muylaert: Vendo esses primeiros filmes da Anna Muylaert fica difícil de acreditar que ela viria a fazer um trabalho tão completo quanto "Que Horas Ela Volta?". 
"Durval Discos" está longe de ser um desastre, conseguindo até fazer uma brincadeira de gênero interessante, mas o roteiro é cheio de erros: os diálogos são forçados (a cena dos ratos é vergonhosa) e a unidimensionalidade da mãe do Durval é absurda e compromete completamente o terceiro ato. Nota: 3/5

Notícias de Uma Guerra Particular – João Moreira Salles: É impossível não se sentir frustrado e impotente diante de uma realidade tão corrompida e que já caminhou tanto para o lado errado que não pode mais achar o caminho certo. Nota: 4/5

Não Estou Lá – Todd Haynes: Já não havia curtido muito este filme da primeira vez que o havia visto, e vendo de novo, gostei menos ainda. 
Não deixa de ser curiosa a opção de incluir atores diferentes interpretando as diversas fases da vida do Bob Dylan, mas a narrativa é extremamente fria, sendo possível apenas admirá-la tecnicamente, mas nunca senti-la. Nota: 3/5

O Samurai – Jean-Pierre Melville: Adorei. Acho que é um daqueles que vão melhorando ainda mais depois que terminam e você pára pra pensar sobre. A narrativa não só é muito precisa, como o arco dramático do protagonista é perfeito, e se encerra da melhor maneira possível. Nota: 4/5

Hoje Eu Quero Voltar Sozinho – Daniel Ribeiro: Cada vez que revejo gosto ainda mais deste filme. Conquista completamente pela sua simplicidade e sua capacidade de fazer o espectador de envolver com seus personagens. Nota: 5/5

Sob o Domínio do Mal – Jonathan Demme: Ótimo filme, com uma espetacular direção do Jonathan Demme, que mantém um constante clima de tensão e um tom de conspiração na narrativa. Nota: 4/5

A Viatura – Jon Watts: É filme simples, mas que funciona. Os personagens não são particularmente marcantes e a trama é bem lugar comum, mas a história é bem contada e acerta por ser curta e ir direto ao ponto. Nota: 3/5

Farrapo Humano – Billy Wilder: É possivelmente o filme mais sofrido do Billy Wilder, e isso só comprova sua versabilidade. Ele consegue fazer com a mesma facilidade um filme super adorável e engraçado como "Quanto Mais Quente Melhor" e um filme extremamente doído e pesado quanto este excelente "Farrapo Humano". Nota: 5/5

Entre Segredos e Mentiras – Andrew Jarecki: Gostei bastante. O roteiro até tem seus problemas de estrutura, mas a trama é muito interessante, e a direção consegue manter um constante clima de suspense. Nota: 4/5

A Dama na Água – M. Night Shyamalan: É assustador e lamentável como os filmes do M. Night Shyamalan foram caindo de qualidade com o tempo. "O Sexto Sentido" é irretocável, "Corpo Fechado" é excelente, "Sinais" vale a pena apesar da falhas, e "A Vila" se equilibra em um fina linha entre o interessante e o desastre. Já este "A Dama na Água" é quase um fracasso total, com um roteiro recheado de falhas e uma direção perdida, que não faz ideia de que tipo de história contar, apelando para sustos fáceis para tentar se validar como "terror", ao mesmo tempo em que fracassa também em suas tentativas de criar um clima de conto de fadas. Nota: 2/5

Branca de Neve e os Sete Anões – David Hand, Larry Morey e Perce Pearce: Assistia esse filme milhares de vezes quando eu era criança, e sem dúvidas se trata de um clássico, mas o revendo agora ele me pareceu um pouco lugar-comum e desinteressante. Nota: 4/5

Sombras da Noite – Tim Burton: Confesso que gostei do filme apesar de suas falhas. O visual é ótimo e o senso de humor é bem afinado, e acabam valendo a pena apesar do roteiro deixar muito a desejar: a personagem Victoria, por exemplo, começa e termina como uma das mais importantes, mas durante o filme quase não aparece, e o desenvolvimento da sub-trama envolvendo os negócios da família também não fazem sentido algum. O terceiro ato é um desastre quase que completo, mas o final até que vale a pena, inclusive de certa maneira conversa com o final do Sweeney Todd. Nota: 3/5

Marcados Para Morrer – David Ayer: Não é um filme particularmente marcante, mas traz um interessante ponto de vista sobre a a polícia, e a opção de contar a história através de filmagens feitas pelos próprios personagens dá um toque original e bem vindo à narrativa. Nota: 3/5

O Novo Mundo – Terrence Malick: Ótimo filme, o estilo de filmagem do Terrence Malick caiu como uma luva para contar esta história, por mais que o resultado final pudesse ter sido melhor se fosse um pouco mais curto. Nota: 4/5

Poder Sem Limites – Josh Trank: Achei bem interessante, pois em sua maior parte tenta retratar o que que realmente poderia acontecer se super poderes existissem. 
A sua estrutura em "found footage" funciona, mas em alguns momentos parece um pouco forçada, tendo em vista que diante de algumas situações os personagens jamais se preocupariam em se filmar. 
Mas talvez o principal defeito do filme esteja em seu terceiro ato, que contradiz tudo o que o roteiro havia construído até então, se preocupando mais em criar um espetáculo visual do que contar uma boa história. 
Ainda assim, diria que vale bastante a pena, pois se trata de uma abordagem diferente para um tema já tão explorado nos últimos anos. Nota: 4/5

Os Suspeitos – Denis Villeneuve: Uau, não lembrava como esse filme era pesado. Lembrava das atuações, dos personagens complexos, da trama, mas realmente não lembrava como sua abordagem era crua. Filme excelente, um dos melhores dentro do que é possivelmente meu gênero favorito. Inesquecível. nota: 5/5

O Casamento de Rachel – Jonathan Demme: A história me pareceu um pouco sem graça, mas a abordagem dada pelo Jonathan Demme é incrível, construindo uma atmosfera opressora e incômoda.
E que atuação espetacular da Anne Hathaway! Nota: 4/5

Tomorrowland – Um Lugar Onde Nada é Impossível – Brad Bird: Gosto bastante da estética dos filme em live-action do Brad Bird, tendo em vista que ele é um diretor que veio da animação. Sua câmera é sempre virtuosa e o designe de produção é impecável (destaque para as "piscinas flutuantes"). 
Ainda que o roteiro deixe um pouco a desejar, soando um pouco indeciso quanto ao tom da narrativa em alguns momentos, trata-se de um filme acima da média e que traz ainda interessantes rimas temáticas com dois (excelentes) trabalhos anteriores do diretor: "Os Incríveis" e "Ratatouille". Nota: 4/5

Em Busca da Terra do Nunca – Marc Forster: Não gostei, não. Mesmo que não chegue a ser de todo ruim, é de um melodrama tão grande que foi demais pra minha paciência. Nota: 3/5

Que Horas Ela Volta – Anna Muylaert: Que filme adorável. Pelos trabalhos anteriores da Anna Muylaert eu jamais diria que ela seria capaz de fazer um grande filme, mas é exatamente o que ela faz aqui. 
A narrativa é conduzida com delicadeza, o senso de humor jamais soa gratuito, e as atuações são um show à parte. 
Mas talvez a melhor coisa do filme seja sua maturidade em sua crítica. Ele não aponta culpados nos acontecimentos: a patroa, na sua visão, trata bem a empregada e recebe bons serviços em troca; enquanto a empregada se sente bem tratada (o filme dá até a entender que ela ganha um salário satisfatório) e jamais oprimida. Mas o que está errado é ali é a relação em si, que perpetua uma superioridade de classes, e, por consequência, o preconceito. É essa visão que é representada pela personagem da filha, que é uma estranha naquele mundo e enxerga a injustiça.
É claro que aqui e ali o filme tem um ou outro pequeno deslize (a subtrama envolvendo o personagem do Lourenço Mutarelli poderia ser um desastre se não fosse sua excelente interpretação, já a metáfora do "rato na piscina" não deixa de soar um pouco óbvia), mas para cada momentos desse, o filme reserva outros únicos e de sensibilidade ímpar (só a cena da Val na piscina já disfarçaria metade de quaisquer eventuais deslizes que o filme poderia ter).
Como um todo, "Que Horas Ela Volta?" é um filme belo, inesquecível, e que funciona muito bem como um retrato de um país em mudança. Nota: 5/5

À Beira do Abismo – Asger Leth: Tem momentos de tensão interessantes, mesmo que às vezes soem um pouco forçados. Nota: 3/5

Bling Ring – A Gangue de Hollywood – Sofia Coppola: Não deixa de ser um tanto quanto monótono, mas o estilo da Sofia Coppola cai muito bem à proposta do filme, deixando-o muito divertido e agradável de se assistir, além de conseguir fazer uma crítica ao endeusamento das celebridades sem parecer cínico ou pedante. Nota: 4/5

Embriagado de Amor – Paul Thomas Anderson: Mais um filme admirável do Paul Thomas Anderson, e que só fica melhor depois de uma segunda visita. 
As atuações são ótimas e a atmosfera de desconforto é diferente de tudo que o diretor fez em sua carreira. 
O cuidado no desenvolvimento do protagonista é notável, como sempre, e a estética é deslumbrante (destaque para a cena que deu origem ao pôster). 
Acho particularmente notável como ele consegue fazer uma interessante conversa com o Boogie Nights (e de certa forma, com outros trabalhos do diretor também), pois, acima de tudo, o que seus protagonistas precisam é de um pouco de amor. Nota: 4/5

Confissões – Tetsuya Nakashima: A primeira parte é espetacular: empolgante, brutal e marcante. Já o restante do filme fica bem aquém do esperado, sendo extremamente irregular, com uma estrutura fragmentada que impede um ritmo coeso, além de esteticamente monótono, tendo em vista que o filme todo é filmado com uma paleta cheia de azul, que praticamente elimina todas outras cores, e impedem um deslumbramento visual. Nota: 3/5

Três é Demais – Wes Anderson: Entra facilmente entre os melhores trabalhos do Wes Anderson, sendo extremamente original e divertido, mesmo que perca um pouco o fôlego em sua meia hora final. Nota: 4/5

Ruína Azul – Jeremy Saulnier: A história é até que simples, mas ela é contada de uma maneira tão interessante e envolvente, que nem importa. Nota: 4/5

King Kong – Ernest B. Schoedsack e Merian C. Cooper: É impressionante que este filme tenha sido feito em 1933, pois ele basicamente define todas as regras que os filmes de monstros gigantes iriam seguir dali para frente. A única coisa que diferencia ele de um filme feito hoje são seus efeitos visuais, mas que ainda assim, para a época, eram perfeitos. Nota: 5/5


O Tesouro de Santa Madre – John Huston: Um filme sobre o declínio moral do Homem pela ganância. Me lembrou um pouco o "Sangue Negro". Nota: 4/5

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