domingo, 26 de fevereiro de 2017

Crítica: 13 Horas: Os Soldados Secretos de Benghazi, de Michael Bay

13 Horas: Os Soldados Secretos de Benghazi é um típico filme do Michael Bay: é sexista, ufanista, cheio de cenas de ação incompreensíveis, e cai no esquecimento um dia depois de ser visto.


O filme acompanha alguns soldados da CIA durante o ataque terrorista em Benghazi, em 2012, e, bem... é só isso que dá pra falar da trama do filme, já que nada de interessante acontece e os personagens nada mais são do que instrumentos para não deixarem as explosões pararem.

O trabalho de direção de Michael Bay segue todos os artifícios que ele sempre usa em seus filmes de ação: há diversos planos aéreos em alta velocidade, panorâmicas, e sequências de ação filmadas em ângulos tortos, com câmera tremida e cortes rápidos, o que deixa as coreografias das cenas completamente incompreensíveis. E, o que é mais grave, ao apostar em uma montagem que corta de um plano para outro em intervalos minúsculos de tempo, o diretor faz com que não seja possível nem mesmo admirar algumas imagens esteticamente mais interessantes. Ainda que, é necessário admitir, às vezes ele ache espaço para alguns conceitos interessantes, como no plano que acompanha dois soldados que são mortos com tiros na cabeça e caem na piscina enquanto a câmera mergulha com eles sem cortes.

E enquanto a fotografia faz um bom trabalho em evocar o clima escaldante das locações (a opção de colocar, em diversos momentos, os personagens “emoldurados” pelo sol também é bacana, ainda que ultrapassada), a trilha sonora tem algumas ideias interessantes, como ao trazer sons que simulam batidas de coração de maneira sutil, mas na maior parte do tempo não passa do óbvio e ainda cai no melodrama ao acompanhar as breves cenas que envolvem a família do protagonista – e sua obviedade contribui para que os personagens não passem de figuras unidimensionais.

Já do ponto de vista de roteiro o filme é um desastre total. Além da construção de personagem genérica (a única coisa que o protagonista tem de humano é sua família, mas isso é tratado de maneira tão superficial e desinteressada pelo filme que não adianta nada), o texto ainda traz um ufanismo que beira o caricatural: como ao se referir a “vidas americanas” como se essas valessem mais do que as outras, ou então ao trazer terroristas praticamente interrompendo seus ataques para ficar atirando na bandeira dos Estados Unidos (quem iria se dar ao trabalho de no meio de explosões e tiroteios parar para atirar em um pedaço de pano?). Isso para não falar do machismo escancarado do filme: enquanto a única figura feminina de destaque é uma pessoa histérica e que sempre tem seus erros corrigidos por homens, todos os personagens principais ostentam um preconceito que só os tornam mais antipáticos para o público, como ao trazer diálogos sobre como é bom ter filhos homens, ou então sobre como “meninas não bebem”, e por aí vai...

Não trazendo nada de novo do ponto de vista técnico e sendo reprovável no sentido moral, 13 Horas: Os Soldados Secretos de Benghazi é um filme antipático, desinteressante, e que faz suas duas horas e vinte parecerem intermináveis.

Muito Ruim!
João Vitor, 21 de Fevereiro de 2017.

Crítica originalmente publicada no site Pipoca Radioativa: http://pipocaradioativa.com.br/

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